Passaporte do Empreendedorismo para alunos de Ensino Médio

Publicado em: 31 Dez 1969
Passaporte do Empreendedorismo para alunos de Ensino Médio

Ao ingressar em uma das escolas do SESI do Rio Grande do Sul, os alunos do Ensino Médio escolhem a forma como direcionarão a carreira com base nos interesses individuais. Os estudantes recebem uma caderneta para listar os conhecimentos que gostariam de adquirir além do currículo escolar. A partir do perfil traçado, os professores montam uma programação extraclasse e orientam caminhos para completar a jornada de aprendizado.

A caderneta é transformada em um Passaporte para o Empreendedorismo, nome que batiza o projeto de desenvolvimento de habilidades para os negócios, tanto para gerenciar quanto para compreender a lógica de mercado. “Este aluno sai pronto para o mundo do trabalho, seja como técnico, universitário ou empreendedor. Ele começa a entender quais competências são necessárias para que faça parte deste mundo”, explica a gerente de Educação do SESI.

Os professores que atuam na monitoria são capacitados pelo Sebrae. Há também uma integração com o Senai no que diz respeito à prática da Indústria, pois a depender do tema de interesse, os estudantes fazem atividades em ambientes externos.

A lista de tarefas inclui pesquisas, cursos, entrevistas e leituras. Uma vez por mês, o SESI/RS promove um “encontro com o mercado”, evento no qual convida empresários para falar sobre a trajetória de empreendedorismo, o ambiente de trabalho e os desafios superados diariamente.

“Isso cria uma cultura de que as oportunidades não estão relacionadas somente com o que ele aprende na integração com Senai, mas com o que ele aprende na escola. E vai relacionando o aluno com o que ele quer como projeto de vida”, pontua a gerente de Educação.

O passaporte do aluno recebe um carimbo após as visitas às empresas, universidades parceiras, centros de pesquisa e outros estabelecimentos mapeados na região. A marcação comprova a experiência adquirida e fortalece o currículo extracurricular do estudante. No retorno à escola, o estudante compartilha o aprendizado com os colegas, tornando-se um multiplicador de informações educativas.

 

Ensino Médio integral 

As atividades extracurriculares ocorrem no contraturno do Ensino Médio integral. Assim como na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, os alunos do SESI/RS passam o dia em contato com tarefas educacionais, o que aumenta a exposição ao ambiente acadêmico e às experiências próximas ao mercado de trabalho. O tempo estendido também facilita a atuação da escola na orientação sobre o futuro profissional dos adolescentes.  

Por ter uma metodologia diferenciada, o SESI/RS recebe novas matrículas apenas no primeiro ano do Ensino Médio. A carga horária extra compensa as disparidades no nivelamento de conhecimentos e habilidades entre os estudantes da Rede e os novatos.

É também no primeiro ano que os estudantes definem uma linha de pesquisa para buscarem soluções para problemas da comunidade local. Aqueles que já estudavam no SESI dão continuidade às problemáticas mapeadas nas atividades de contraturno do Ensino Fundamental. A diferença é que, no Ensino Médio, o foco é na inovação.

O problema a ser resolvido transita por todas as disciplinas regulares ensinadas em sala de aula. A abordagem pode ser focada na solução da situação escolhida ou temas derivados. O objetivo é a aplicação dos conceitos de cada área de conhecimento no projeto final. “Não dá pra pensar na trigonometria sem pensar na sua aplicação no mercado e na condição que o aluno vai ter para melhorar aquela aplicação”, diz a gerente.

Nesta etapa do ensino, a ênfase é prática. Metade da carga horária total é voltada para ciências da natureza e matemática. Outros 30% abordam linguagens e, 20%, ciências humanas.

Ao final, no último ano do Ensino Médio, os formandos apresentam o projeto para uma banca de jurados, composta por representantes da Indústria, da universidade e da escola. “A banca serve para: dar visibilidade à trajetória, evidenciar uma devolução para a comunidade e para que os alunos saibam que a linguagem desenvolvida em sala de aula deve ser adaptada para cada agente do mercado. Desta forma, também estimulam a capacidade de expressão”, continua Sônia Bier.

 

Conselho consultivo de empresários

A proximidade com o mercado é uma característica marcante no SESI/RS. Cada unidade tem um Conselho Consultivo de empresários. Os membros reúnem-se periodicamente para trocar informações sobre demandas da Indústria no que diz respeito à formação de mão de obra e desenvolvimento de tecnologia e para identificar novas formas de atrair profissionais qualificados.

“Eles vêm discutindo que a própria Indústria precisa se mostrar diferente para atrair para o jovem. A gente traz o empresário para dentro da escola para conversar com os alunos. Assim, ele começa a entender como precisa se repensar para que o jovem queira trabalhar com ele”, explica o superintendente do SESI do Rio Grande do Sul, Juliano Colombo.

Por ser um ambiente altamente disruptivo, uma das estratégias de atração do jovem é a promoção de oficinas voltadas para o mundo do trabalho pautadas pela tecnologia.

O modelo de educação básica adotado pelo SESI/RS tem criado um padrão de aluno engajado e com bons resultados escolares. O índice de reprovação nas escolas da Rede no Rio Grande do Sul é de 4%. Não há registro de evasão e a frequência é de 95%. “É a escola feita pelo aluno. Eles que diz o que ele quer da escola. Nosso papel é dar uma escola quase de elite para quem não é de elite. Fazer o aluno mudar de patamar”, declara Colombo.

Escola do industriário

A Rede SESI do Rio Grande do Sul atende a 1.250 alunos do Ensino Médio, em cinco escolas de Educação Básica. Segundo o superintendente do SESI/RS, Juliano Colombo, 75% das vagas são ocupadas por dependentes de industriários - 50% são gratuitas e 25% são subsidiadas por parceiros.  

“O restante das vagas é para pessoas da comunidade. O valor que cobramos da comunidade corresponde ao que as demais escolas cobram por um turno, sendo que nós damos os dois. A ideia é dar oportunidade para que não tem acesso. Muitos alunos conseguiram entrar nas universidades federais sem fazer cursinho”, conta o superintendente.  

No próximo ano, a metodologia de ensino se expandirá para seis novas escolas. O plano de expansão contempla Bento Gonçalves, Canoas, Caxias do Sul, Lajeado, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul. Haverá também aumento de vagas em Pelotas.

A iniciativa será custeada com o orçamento resultante do programa SESI em Movimento, que desativou unidades fixas localizadas em regiões de baixa demanda e realocou os recursos em caminhões do SESI para atendimento nas indústrias e locais mais afastados com grande necessidade de atendimento.

“Fechamos o que era ineficiente e agora estamos fazendo um investimento de R$ 330 milhões com recursos próprios, provenientes desse movimento de eficiência. Começou a ter uma sobra de recursos e, agora, vai ser aplicado em um projeto que tem lógica, que tem sucesso, que é reconhecido e que replica na escola pública. É a lógica de expansão que vem junto com contraturno”, pontua Juliano Colombo.

Os recursos também são utilizados para possibilitar a continuidade dos estudos para estudantes de baixa renda.  A partir do segundo ano do Ensino Médio, os alunos advindos das escolas públicas para o contraturno no SESI recebem Bolsa Aprendiz.

“Começamos essa experiência em 2014, na primeira escola. Percebemos que os alunos conseguiam fazer a matrícula, gostavam da escola, mas, no final do primeiro ano, começavam a ir embora porque tinham que trabalhar para ajudar em casa”, relata a gerente de Educação Sônia Bier. “Nossas famílias têm renda entre 1 e 3 salários-mínimos, majoritariamente. Desta forma, se definiu que seria oferecida a bolsa aprendiz a partir do segundo ano, porque a família precisa entender o valor da escola e se engajar.”

 

Professores capacitados

Para manter o nível de ensino, o SESI/RS dedica uma parte da carga horário dos profissionais para reuniões de avaliação do desempenho e capacitações. Os professores são contratados para atuarem no SESI por 30h, com exceção dos responsáveis pelas disciplinas de matemática e português, cuja dedicação é praticamente exclusiva, 40h.

A grade dos docentes tem duas horas semanais de reuniões pedagógicas. O tempo é usado para atualização de conhecimentos e avaliação dos indicadores estratégicos. Há também duas horas para reuniões entre os professores da mesma disciplina, quando discutem o desenvolvimento do currículo, a performance dos alunos e abordagens dentro da metodologia de ensino.

O SESI/RS também promove semanas pedagógicas para aprofundamento de temas específicos. Os eventos ocorrem duas vezes por ano, com 40h de duração. No próximo ano, por exemplo, a discussão será em torno da eficácia na avaliação dos alunos.   

 

Educação de Jovens e Adultos

Os sete mil alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) são atendidos em 20 unidades e dezenas de polos do SESI/RS. A metodologia adotada é de reconhecimento dos saberes – padrão do SESI Nacional.

No Rio Grande do Sul, as aulas ocorrem majoritariamente online, com apenas um dia presencial. A estratégia foi criada durante a pandemia para evitar a evasão. A proposta obteve resultados acima da média. Enquanto no restante do país entre 50% e 70% dos estudantes desistem das aulas, no SESI/RS o número é de apenas 18%.

“O número de trabalhadores sem educação básica corresponde a 40% da força de trabalho, em torno de 300 mil pessoas. Até há pouco tempo, esses trabalhadores entravam na Indústria para atividade muito básica, mas é preciso evoluir. Não há Indústria 4.0 em larga escala com essa educação”, explica o superintendente do SESI/RS, Juliano Colombo.

Segundo o superintendente, o SESI atua para ter sucesso no que considera o maior desafio para os próximos anos - a reeducação de um grande contingente de adultos para acompanhar a mudança tecnológica das atividades industriais.

Utilizamos cookies para permitir o funcionamento de nosso site e para coletar estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. Saiba mais em nossa política de cookies ou gerencie suas permissões. Fale com nosso DPO através do e-mail: lgpd.cnsesi@cnsesi.com.br