O Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul (SESI/RS) lançará, no próximo ano, o slogan “Aprender é poder”. Segundo a gerente de Educação do SESI no estado, Sônia Bier, a frase traduz o entendimento de que a condição do conhecimento é o que leva o estudante a um patamar melhor. “É poder cuidar da sua vida, construir o futuro, fazer boas decisões e incentivar o desenvolvimento. Essa é a tônica que a gente trabalha na escola”, explica a gerente.
Como base nessa premissa, o SESI/RS atua desde a educação infantil no despertar de crianças e adolescentes por meio de um modelo que reinventa a forma de ensinar e busca soluções para a Educação e para o mundo do trabalho. “Ambos estão em constante movimento”, destaca o superintendente do SESI no RS, Juliano Colombo.
A Rede mantém cinco unidades com vagas para pré-escola e uma equipada com creche. Crianças entre quatro meses e cinco anos de idade participam de atividades pedagógicas e recebem apoio de assistência social, psicólogos e alimentação. É o início da adaptação ao ensino integral, defendido pela Instituição como a forma mais eficiente de manter alunos envolvidos com tarefas educativas.
“A gente acredita que o ensino integral é o que faz a diferença. A reforma do Ensino Médio melhorou, mas ainda não é um investimento em escola integral. É o que fazem os Departamentos Regionais de Pernambuco, do Ceará, do Espírito Santo, por exemplo. Eles estão investindo fortemente em escola integral, que tem carga horária maior, e com outros tipos de conhecimento que, por mais que se esforce, não é possível passar em horário regular”, justifica o superintendente.
Ao ingressar no Ensino Fundamental, a partir dos seis anos, os estudantes podem optar por uma das 19 unidades do SESI/RS, onde são inseridos nas trilhas educacionais. São “caminhos” traçados por especialistas para desenvolver habilidades necessárias à formação de futuros profissionais. Para orientar a escolha, as trilhas são divididas por temas: corpo, ritmo e expressão; pesquisa e tecnologia; sustentabilidade; e empreendedorismo.
O projeto ocorre no contraturno, com monitoria de pessoas formadas no Magistério e pedagogos. São aulas de esportes, música, teatro, robótica, pesquisa, desenvolvimento de projetos, voluntariado e empreendedorismo. Nas atividades mais analíticas, os alunos podem apontar problemas da comunidade ou da Indústria local para serem solucionados. Assim, começam a desenvolver a teoria, que será concluída com a prática no Ensino Médio.
“Os alunos que fazem contraturno estão acima da média, atingindo de 80% a 90% de acerto nas provas. São alunos que não reprovam e não têm registro de falta elevada que coloque em risco a aprendizagem”, pontua Sônia Bier. “Os pais têm maior nível de satisfação. Entendem que é um lugar onde os alunos elevam a curiosidade, que catapulta e incentiva o desempenho escolar, além de diminuir o risco de essas crianças ficarem expostas às situações de violência.”
A criança ou adolescente matriculado pode participar de todas as trilhas ou escolher eixos com os quais melhor se identifica. A flexibilidade de opções facilita a inclusão de estudantes das escolas da Rede Pública de Ensino do estado.
“Temos duas mil matrículas no Ensino Fundamental, atualmente. Cerca de 80% são beneficiários da Indústria, pois há subsídio para esse público. De todo modo, o valor cobrado da comunidade é muito competitivo para o que o SESI oferece”, conta Juliano Colombo. “Os municípios estão comprando vagas em algumas cidades. Alguns querem entregar todas as redes de escola para que o SESI faça o contraturno”.
O projeto é desenvolvido desde 2012. A partir do próximo ano, o alcance será ampliado. O SESI/RS terá seis novas unidades com aplicação da metodologia. Ao todo, mais de cinco mil alunos serão beneficiados.
Projeto para 2023
Além do aumento do número de unidades, o SESI//RS potencializará as trilhas com investimento em tecnologia. “Por mais impactantes que sejam as atividades, temos percebido como as crianças buscam aprender mais conectadas com o mundo atual”, explica a gerente de Educação.
Para o próximo ano letivo, os estudantes do Ensino Fundamental poderão escolher também o aprofundamento em desenvolvimento de jogos e programação.
FabLearn
Na robótica, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) investirá no FabLearn – laboratórios equipados com instrumentos tecnológicos e manuais de prototipação de projetos. O modelo é inspirado na metodologia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. A intenção é acelerar o aprendizado e permitir a interação dos alunos com ferramentas de inovação.
“Após a pandemia, tivermos queda abrupta do rendimento dos nossos alunos. Serão necessárias reconstruções de aprendizagens em função do distanciamento. O FabLearn vai permitir um aprofundamento dos conceitos – matemática, português, inglês e ciências, que vão demorar mais tempo para serem desenvolvidos. É uma forma de acelerar isso e ajudar no desenvolvimento de uma maneira que seja mais atraente para os alunos”, explica Sônia Bier.
O piloto do laboratório foi inaugurado no município de Farroupilha (RS), neste ano. Os primeiros resultados apontam que 80% dos alunos submetidos à metodologia desenvolvem crença de que podem resolver problemas acima da média. A primeira pesquisa também indicou facilidade ou baixo medo de lidar com problemas de matemática e ciências da natureza. “Essa atitude é fundamental para enfrentar desafios”, destaca a gerente de Educação.
Os professores do FabLearn desenvolveram mais habilidades de mediação, deixando de atuarem apenas como detentores de conhecimentos.
Robótica
No campo da robótica, o investimento será ainda mais voltado à inclusão dos alunos de baixa renda. Em 2019, a o SESI/RS fez uma doação de kits com instrumentos de programação mais simplificados e custo mais acessível, tornando possível a compra por escolas públicas. “A robótica é elemento diferenciador. Com os kits de baixo custo, é possível oferecer para outras crianças toda a qualidade que trabalhamos aqui no SESI”, explica o superintendente do SESI/RS.
O modelo do kit foi inspirado em solução de Stanford. A importação tem custo muito alto. Assim, a FIERGS buscou empresas do estado para produção nacional, fomentando também a Indústria brasileira. “O uso de tecnologia em sala é fundamental. A gente não precisa de Lego, precisa de um conceito de robótica e é isso que a gente consegue com esse kit”, finaliza Juliano Colombo.