Equipe do Conselho Nacional do SESI visitou a Escola SESI Reitor Miguel Calmon, no bairro Retiro, em Salvador (BA). A unidade atende a mais de 1800 alunos, do sexto ano do Ensino Fundamental até o nono ano do Ensino Médio. Do total, aproximadamente, 280 matrículas são de gratuidade, o que torna a atuação do SESI relevante, também, nos bairros de Bom Retiro, Bom Juá, Fazenda Grande, Bom Retiro, Cajazeiras, Valéria, Candeias, Águas Claras, Liberdade, Santa Mônica e Piripiri.
O modelo de educação adotado no estado tem como base três pilares: tecnologia, robótica e iniciação científica. Com o foco nesses temas, as unidades oferecem atividades extraclasse, cujo planejamento é realizado em parceira com o Senai/BA e com o IEL/BA. A integração entre os entes permite a utilização compartilhada de espaços físicos, equipamentos para produção de material e para pesquisas, além de facilitar a contratação dos estudantes por empresas locais.
A tecnologia é um dos pilares responsáveis pelo maior número de absorção de mão de obra no mercado após a formação. Segundo a gerente da unidade, Luciane abreu, a engenharia é área de melhor aproveitamento dos estudantes que, "se não contratados de imediato, complementam os estudos nos cursos oferecidos no Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (CIMATEC), do SENAI”, onde também podem estagiar.
No pilar de robótica, os estudantes do SESI participam de campeonatos dentro e fora do país. O marco para os alunos foi disputa realizada em Dubai. “Eles nunca tinham, sequer, saído do país, e alguns nunca tinham saído do estado”, comemorou o superintendente regional do SESI, Armando Alberto da Costa Neto.
O maior revelador de talentos é o pilar a iniciação científica. Trata-se de um programa que oferece carga horária exclusiva para pesquisa aos professores. Os docentes tornam-se orientadores dos alunos selecionados por edital, tal qual ocorre nas universidades. A atuação é por meio de linhas de pesquisas específicas, que solucionam problemas reais das comunidades locais.
Um dos projetos reconhecidos foi a pesquisa de desenvolvimento de composto proteico a partir dos resíduos dos peixes pescados no Porto das Sardinhas, na Baía de Itapagipe, bairro São João do Cabrito. No local, homens, mulheres e crianças ganhava R$ 7 por dia para preparar os peixes para o comércio. A produção da farinha nutritiva permitiu dobrar a renda dos trabalhadores e liberar a mão de obra das crianças, que puderam retornar às salas de aula.
Um dos integrantes da equipe responsável pelo projeto, Juan Julio de Andrade Teles, relatou a experiência no processo de seleção para escolas internacionais. Pelos resultados e pelo histórico acadêmico, o estudante - que já havia participado de olimpíadas de robótica e do programa de relações internacionais da escola - foi selecionado para seletos grupos de intercambistas brasileiros.
No mês de julho, Juan Teles passou 15 dias em estágio no jornal The New York Times, nos Estados Unidos. Na oportunidade, o aluno do SESI Reitor Miguel Calmon aprendeu sobre relações internacionais, jornalismo e economia. Para colocar em prática o estudo, Juan terá a oportunidade de publicar um artigo no maior jornal do mundo.
O retorno ao Brasil será temporário. Filho de técnica em segurança do trabalho e entrado de monitor de saneamento básico, o adolescente foi o único brasileiro selecionado para a Escola Técnica de Varsóvia, na Polônia. O convite foi para terminar o Ensino Médio na instituição, onde cursará mais dois anos de ensino regular antes de aplicar para a universidade.
Juan Julio Teles, ao centro, é filho de técnica de Segurança do Trabalho. Neste mês, ele participa de estágio no The New York Times
“Estou muito ansioso, pois vai ser uma experiência diferente. Uma experiência de crescimento, mas em um idioma diferente, com doutores e mestres renomados, longe do meu país”, salienta Juan Teles, que também participou de programa de idioma na Argentina no início de 2022. “É uma oportunidade para poucos.”
Outro destaque foi a estudante Amanda Lins, citada como referência pelos professores pelo alto desempenho nas metodologias científicas. Amanda aprofundou os estudos em geoprocessamento e meteorologia nas atividades extracurriculares na escola do SESI. Durante o período de estudo, Amanda mapeou cada casa do bairro de São Juá, apontando aquelas que corriam risco de desabamento. Pelo projeto, Amanda ganhou bolsa de estudos e participa de programa da Nasa - a única mulher de curso técnico junto com doutores e mestres da área.
Para difundir o programa de iniciação científica, os profissionais do SESI Reitor Miguel Calmon promovem capacitação para professores das unidades do SESI nos municípios próximos. A Gerência da Escola organiza imersões, online, para ensinar aspectos como metodologias ativas, planejamento, monitoramento sistêmico dos planos de ação.
Desenvolvimento de habilidades
Marcos Henrique e Liriel são estudantes da Escola de Líderes. Eles compõem o grêmio estudantil e participam das deliberações do conselho escolar.
Os alunos da Escola Reitor Miguel Calmon, no bairro Retiro, em Salvador (BA) também são preparados para os desafios do mercado de trabalho. Além das atividades apoiadas nos três pilares principais, os estudantes podem se inscrever em projetos paralelos, com temas mais pontuais.
Aos finais de semana, por exemplo, psicopedagogos e psicólogos promovem a Escola de Líderes, iniciativa que visa a identificar e despertar o senso de liderança nos adolescentes. Nos encontros são abordados assuntos ligados às habilidades socioemocionais, tomada de decisões, comunicação, protagonismo e enfrentamento de desafios profissionais.
“São 120 vagas para estudantes interessados em participar das aulas. A atividade conta como carga horária extra, que conta para o currículo do aluno. Além disso, ele participa do Conselho de Classe e pode opinar nas diretrizes escolares”, explica a gerente Luciane Abreu.
A comitiva do Conselho Nacional do SESI foi recebida por dois estudantes da Escola de Líderes, Liriel Oliveira e Marcos Henrique Cardoso, ambos da terceira série do Ensino médio. Os adolescentes integram também o grêmio estudantil, um dos incentivos à liderança oferecidos pela Escola. Durante a visita, conduziram o cronograma de atividades e apresentaram o trabalho realizado em cada espaço da unidade, mostrando os resultados dos colegas e explicando a dinâmica das aulas.
A boa oratória de Marcos Henrique é resultado de treino no grupo de Relações internacionais da Escola. Os participantes da atividade simulam um fórum da ONU, onde são debatidos temas de interesse global. Cada aluno deve estudar a cultura e posicionamento do país sobre o assunto a ser debatido. No dia da reunião, a defesa é feita com base nas características dos países envolvidos.
Já Liriel Oliveira é cantora do grupo Pipocando Arte em Todas as Partes, um movimento que mistura teatro, dança e música. O projeto fio criado durante a pandemia do coronavírus como forma de incentivo à integração dos alunos e cuidado com a saúde mental. Pelo sucesso junto aos estudantes, continua a ser desenvolvido nas aulas de arte.