4ª Conaes fortalece agenda da economia solidária como política de Estado

Após hiato de 10 anos, conferência mobiliza mais de mil participantes e define diretrizes para novo plano nacional

Por: Luisa Bretas
15/08/2025 - 18:26
4ª Conaes fortalece agenda da economia solidária como política de Estado
Presidente Fausto Junior durante painel "Públicos e sujeitos da política pública". Foto: Paulino Menezes/CN-SESI
Realizada de 13 a 16 de agosto, em Brasília e Luziânia (GO), a 4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária (Conaes) reúne mais de mil participantes, entre representantes de governos, movimentos sociais e sociedade civil. O encontro marca a retomada de um espaço estratégico de formulação de políticas públicas para o setor, após um hiato de 10 anos.

O processo preparatório mobilizou cerca de 16 mil pessoas em 1.584 municípios, com 185 conferências locais, 14 temáticas e 27 estaduais, resultando na eleição de 968 delegados. As propostas consolidadas nesta etapa nacional irão compor o 2º Plano Nacional de Economia Popular e Solidária, com foco em autogestão, cooperação, acesso a crédito, produção e consumo justos, inclusão social e desenvolvimento sustentável.

No segundo dia, o presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (SESI), professor e sociólogo Fausto Augusto Junior, participou do painel Públicos e sujeitos da política pública. “O debate da economia solidária está na minha vida desde 1996. Temos o enorme desafio de criar políticas públicas que sejam fortes e permanentes, como o SUS, com instrumentos que se mantenham independentemente do governo”, disse.

Ele destacou que a renda familiar, composta por emprego formal, informal, programas sociais e aposentadoria, precisa ser considerada na formulação de políticas. “Não basta olhar para o indivíduo isolado. É preciso entender a rede familiar e comunitária para criar soluções que fortaleçam a economia solidária.”

O painel contou também com Ana Caroline, da Executiva Nacional Ecosol; Cirene Cândido, gestora ambiental; e Alzira Medeiros, da Rede Autogestionária de Educação Popular em Economia Solidária. A troca de experiências reforçou a importância da interseccionalidade e da inclusão de minorias nas políticas públicas.

Prevista em lei desde dezembro de 2024, com a promulgação da chamada Lei Paul Singer, a economia solidária reúne empreendimentos que vão da agricultura familiar a cooperativas de catadores, passando por coletivos culturais e iniciativas digitais. O segmento já representou mais de 27 mil empreendimentos e 2 milhões de trabalhadores, movimentando cerca de R$ 65 bilhões em 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC).

A tônica de grande parte dos participantes nas mesas e debates foi que a 4ª Conaes deve ser mais do que um fórum de discussões, funcionando como espaço de reconstrução democrática e de articulação de propostas capazes de enfrentar desigualdades históricas, promover inclusão produtiva e consolidar a economia popular e solidária como política de Estado. “Este é um momento de reafirmação. O que debatemos aqui pode garantir que a economia popular e solidária seja tratada como vetor de desenvolvimento e não apenas como política social compensatória”, concluiu Fausto.

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