O segundo dia de debates do Seminário Internacional SESI de Educação, que acontece em Brasília, começou nesta quarta-feira (12) com uma mesa sobre a construção do novo Plano Nacional de Educação, que vigorará nos próximos 10 anos.
A mesa, mediada pelo presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, abordou os desafios da próxima década e apresentou propostas para uma educação que vá além do conhecimento acadêmico e que atenda às múltiplas dimensões do desenvolvimento humano, considerando temas como os avanços tecnológicos, as mudanças climáticas e a crise de valores civilizatórios que ronda a humanidade.
Além de Fausto, participaram da mesa a doutora Helena Singer, vice-presidente da Ashoka América Latina; e Lívia Queiróz Rodrigues, secretária de Educação do Distrito Federal. O deputado federal Pedro Uczai (PT-SC), da Frente Parlamentar Mista de Educação, fez um relato por vídeo.
Fausto Junior abriu uma conversa falando sobre a importância do debate para construção do PNE. "O Plano Nacional de Educação representa uma oportunidade para o Brasil debater e pactuar o futuro da educação, alinhado às grandes transformações que moldarão o país na próxima década."
O novo PNE prevê 18 objetivos a serem cumpridos ao longo dos próximos 10 anos, que englobam as áreas da educação infantil, alfabetização, ensinos fundamental e médio, educação integral, diversidade e inclusão, educação profissional e tecnológica, educação superior, estrutura e funcionamento da educação básica.
Impacto da tecnologia
Na avaliação de Fausto, um dos maiores desafios do século 21 é o impacto da tecnologia na vida cotidiana, que se reflete também na educação, com o uso das redes sociais e a disseminação da inteligência artificial em diferentes setores.
Ele citou a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como exemplo de ensino que precisa se adequar a essas mudanças. “A EJA não é mais uma discussão só sobre se ter o diploma do ensino médio; é uma discussão sobre alfabetização digital”.
E complementou relacionando essa necessidade aos conteúdos educacionais. “Não podemos falar de matemática, sem considerar a inteligência artificial. Não podemos falar de língua portuguesa, sem considerar a linguagem das redes sociais. Não podemos falar de ciências sociais, sem considerar a crise climática que vivemos. O debate político civilizatório é o que marca para onde a educação vai”.
O deputado Pedro Uczai, em sua intervenção, disse acreditar que o Plano vai discutir não apenas o futuro da educação, mas sim do Brasil.
“Vamos colocar a educação como principal estratégia para o desenvolvimento do nosso país e torná-lo uma grande potência”.
Educação integral
Para a doutora Helena Singer, vice-presidente da Ashoka América Latina, a educação integral é um pilar essencial para a construção do novo PNE, que deve considerar os aspectos sociais, emocionais e corporais da experiência humana.
Segundo ela, esse desenvolvimento não pode ser concluído por uma única instituição. “Nem apenas a família, ou a escola, ou as duas juntas são capazes de cobrir todas essas dimensões, porque somos educados em todos os ambientes que frequentamos, como o mundo do trabalho, o do lazer, o da educação. Todos eles são atores da educação integral”, afirmou.
Para o futuro
Já a secretária de Educação do Distrito Federal, Lívia Queiróz Rodrigues, abordou as principais conquistas do plano atual e apresentou as diretrizes do novo PNE, composto por 18 objetivos, 53 metas e 253 estratégias distintas para temas como qualidade da educação, formação continuada e valorização docente e ampliação da oferta de educação integral, entre outros.
Ela afirmou que o novo PNE é uma oportunidade de transformação da educação brasileira, atendendo à necessidade de um compromisso contínuo para garantir avanços reais e sustentáveis, e utilizando-se da educação integral e conectividade como pilares.
Para Helena Singer, a construção do Plano dialoga com o desenvolvimento que vai além do acadêmico.
“Precisamos entender os aspectos fundamentais para a qualidade da educação: o impacto da escola na promoção da qualidade de vida de alunos e educadores, o engajamento de escolas e estudantes em projetos socioambientais e a redução da violência nas escolas e nos territórios”, concluiu.
Por fim, Fausto Junior destacou a importância de se levar o debate para toda a sociedade, principalmente para os locais onde de fato o Plano fará a diferença.
“Nós, do Conselho Nacional do SESI, temos um papel muito importante, que é o cerne da nossa origem, que é o de levar esse debate para as diferentes pontas e apoiar estados e municípios na execução desse plano, respeitando a realidade de cada localidade”.