Com o avanço da tecnologia, muitas pessoas passam longos períodos sentadas, adotando, muitas vezes, posturas inadequadas no ambiente de trabalho. Esse cenário pode gerar problemas de saúde, como lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort).
“Para evitar esses impactos, a ginástica laboral tem se tornado uma ferramenta essencial dentro das empresas. Além dos benefícios físicos, a prática também melhora a interação social entre os funcionários e contribui para o aumento do desempenho”, afirma Ramon Camurça, profissional de educação física que atua há quatro anos no Sistema SESI, SENAI e IEL, em Brasília.
No Conselho Nacional do SESI, a ginástica laboral foi retomada nesta segunda-feira (10) como parte de um conjunto de ações voltadas à valorização dos trabalhadores. "A ginástica laboral tem várias camadas. Ela oferece uma oportunidade para fazer pequenas pausas ao longo do dia, o que nos permite respirar, organizar as ideias e promover o bem-estar", afirma a coordenadora de Gestão de Pessoas e Clima Organizacional da entidade, Roberta Nacfur.
A ginástica laboral faz parte de um conjunto de ações de saúde e segurança do trabalho do CN-SESI que envolve, ainda, blitz de postura e massagem no local de trabalho.
A coordenadora reforça que o impacto vai além da saúde física. Segundo Roberta, essas pausas são fundamentais para evitar quedas no desempenho diário do trabalho, causadas pelo cansaço e pela repetição das atividades.
"É importante em vários sentidos, seja para cuidar individualmente das pessoas ou para promover a integração do grupo, permitindo que se conheçam melhor, e também para garantir que voltemos a produzir de forma mais eficiente, sem cair na queda de produtividade que ocorre quando ficamos muito tempo na mesma posição, olhando sempre a mesma coisa. É um momento de descontração, de integração entre as pessoas. Rimos, conversamos e, depois, voltamos ao trabalho com mais ânimo”, avalia.
Para Camurça, no atual contexto tecnológico, em que o sedentarismo e as posturas inadequadas são desafios frequentes, a implementação da ginástica laboral nas empresas se mostra cada vez mais necessária. "É uma ferramenta essencial para garantir bem-estar e reduzir o número de afastamentos por problemas relacionados ao trabalho", disse.
Um estudo publicado na Revista FT, na edição de outubro do ano passado, reforça as falas de Camurça e Roberta sobre a importância da prática regular de exercícios físicos dentro das empresas, não apenas para a prevenção de doenças ocupacionais, mas também para a melhoria da saúde mental dos colaboradores.
Conduzido pelas pesquisadoras Andréia Pontes De Oliveira e Paula Izalene De Jesus Campos, o estudo destaca que, ao incentivar a ginástica laboral, as empresas podem reduzir a incidência de doenças relacionadas ao trabalho, além de promover uma melhor qualidade de vida entre os funcionários.
Contudo, as autoras também identificaram desafios que podem comprometer a eficácia da ginástica laboral. "A resistência cultural, a falta de reconhecimento gerencial e a carga excessiva de trabalho foram apontadas como desafios que precisam ser superados."
As pesquisadoras afirmam que, para garantir o sucesso da implementação, as empresas devem promover uma cultura organizacional que valorize a saúde, tratando a ginástica laboral como uma prioridade, e não apenas como uma obrigação.