O medalhista de ouro e bronze nas Paralimpíadas de Paris foi recebido na capital sul-mato-grossense com festa na Casa da Indústria, nesta sexta-feira (6). Yeltsin Jacques, atleta paralímpico do Serviço Social da Indústria (SESI), chegou à sede da Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso do Sul (FIEMS) acompanhado de sua esposa, Janaina Yanka, e do atleta-guia Guilherme Santos.
Jacques falou com a imprensa nesta manhã e recebeu uma placa das mãos do aluno Maximus Eduardo Sepp Bueno, do 7º ano do ensino fundamental da Escola SESI de Campo Grande. Nadador, Sepp é paratleta juvenil com diversas medalhas em seu currículo.
"Acredito que a gente tem que servir de inspiração e motivação para esses jovens. Temos que mostrar para nossa juventude que o esporte é uma ferramenta transformadora de vidas, que melhora a nossa sociedade. Talvez a maioria não se torne atleta de alto rendimento, mas todos vão se tornar cidadãos, com oportunidade de estudar, conhecer novos lugares, novas culturas e diversos países. Se eu consegui chegar lá, saindo aqui de Mato Grosso do Sul, então todas as crianças podem chegar também, e ter suas vidas transformadas pelo esporte", disse Yeltsin.
Maximus Eduardo e Yeltsin no primeiro plano e Guilherme Santos ao fundo | Foto: Assessoria FIEMS
Medalhas conquistadas
A França ficou pequena diante do gigante Yeltsin, que brilhou nos Jogos Paralímpicos de Paris. Na última terça-feira (3), com a marca de 3m55s82 na competição, o atleta levou a medalha de ouro nos 1.500 metros na categoria T11 (atletas com deficiência visual), quebrando seu próprio recorde. O brasileiro Julio Cesar garantiu o bronze.
No dia 30 de agosto, Yeltsin conquistou a medalha de bronze nos 5.000 metros, com o tempo de 14m52s, o melhor de sua carreira nesta prova, apesar de uma lesão que dificultou sua preparação.
Yeltsin já havia se consagrado ao vencer as provas de 1.500 e 5.000 metros nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020, onde ganhou duas medalhas de ouro. Na prova de 1.500 metros, o sul-mato-grossense quebrou o recorde mundial, com o tempo de 3m57s60, consolidando-se como um dos principais nomes do esporte paralímpico mundial.
Yeltsin exibe as medalhas para os convidados e para imprensa | Foto: Assessoria FIEMS
Exemplo de dedicação
Sua jornada começou em 2007, aos 16 anos, ao ajudar um amigo cego a participar das Paralimpíadas Escolares. Desde então, seguiu competindo e conquistando vitórias. Com quatro medalhas paralímpicas e cinco medalhas em campeonatos mundiais, incluindo dois ouros, ele se consolidou como uma referência do atletismo. Na entrevista coletiva que concedeu nesta manhã na sede da FIEMS, o campeão paralímpico recordou o início da carreira com o SESI presente desde 2009.
"Na Volta das Nações, o padrinho da prova era Vanderlei Cordeiro, um ídolo para mim e uma referência no esporte. Tive a honra de correr ao lado dele em Campo Grande. Depois que conquistei várias coisas no atletismo, tive a honra de me tornar padrinho da Corrida do Pantanal e de me tornar referência para crianças no esporte a nível estadual, nacional e mundial. Para mim é um orgulho, e a Corrida do Pantanal tem grande participação na minha história", disse o atleta.
Yeltsin foi recebido com festa pelos alunos do SESI-MS | Foto: Assessoria FIEMS
Referência nas corridas de meio fundo e fundo, Yeltsin acredita que ele e Julio Cesar inspirarão novas gerações de atletas, consolidando o Brasil como uma potência no esporte paralímpico mundial. Para ele, o crescimento do país nas modalidades de média e longa distância reflete o comprometimento dos atletas e treinadores, além do apoio cada vez maior ao esporte paralímpico no Brasil.
"Os paratletas são motivo de orgulho e reforçam o esporte como uma poderosa ferramenta de inclusão e de superação. Eles nos mostram que, com determinação e apoio, é possível superar barreiras e alcançar resultados extraordinários, como temos visto nas Olimpíadas deste ano”, afirma o presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior.
Yeltsin nasceu com baixa visão e, aos dois anos de idade, foi diagnosticado com Amaurose Congênita de Leber (ACL), uma das formas mais graves de distrofia da retina. Segundo a Orphanet, base de dados internacional dedicada a doenças raras e medicamentos órfãos, "cerca de 10 a 20% das crianças cegas sejam afetadas de ACL, o que a torna uma das causas frequentes de cegueira na infância."
Paratletas paulistas
O SESI-SP participou dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 com uma delegação de 28 paratletas, obtendo resultados expressivos em várias modalidades e conquistando oito medalhas. As competições foram realizadas entre os dias 28 de agosto e 5 de setembro.
Aser Mateus Almeida Ramos conquistou a medalha de prata no salto em distância T36 no dia 2 de setembro, atingindo a marca de 5,76 metros, ficando atrás apenas do atleta russo Evgenii Torsunov, que venceu com 5,83 metros.
No goalball masculino, os atletas André Dantas e Josemarcio Da Silva Sousa, conhecido como Parazinho, conquistaram a medalha de bronze no dia 5 de setembro, após uma série de jogos que destacaram a força da equipe brasileira.
No tênis de mesa, Danielle Rauen, Claudio Massad, Cátia Oliveira e Joyce Oliveira garantiram medalhas de bronze nas categorias de duplas femininas WD5 e duplas masculinas MD18, confirmando a participação destacada do Sesi-SP na competição.
Paulo Henrique dos Reis, atleta do Sesi-SP que estreou nas Paralimpíadas, garantiu uma medalha de bronze para o Brasil no salto em distância, categoria T13 (deficiência visual). Ele alcançou a marca de 7,20m, seu melhor resultado da temporada.
Brasil no top 5
No quadro geral, mais cinco medalhas foram conquistadas pelo Brasil nesta quinta-feira (5) nas Paralimpíadas de Paris, sendo três de prata e duas de bronze. A natação foi destaque novamente com as pratas de Carol Santiago, nos 100m peito (SB12), Talisson Glock nos 100m livre (S6) e Cecília Araújo, nos 50m livre (S8). Os bronzes foram para Rosicleide Andrade, no judô categoria até 48kg da classe J1, e a equipe brasileira do golbol masculino, que venceu a China por 5 a 3.
De acordo com dados atualizados pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), o Brasil terminou os Jogos Paralímpicos de Paris em sua melhor colocação histórica, alcançando a 5ª posição no quadro geral de medalhas.
O país conquistou um total de 89 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, superando as 72 obtidas em Tóquio 2020 e no Rio 2016.
“Para que esse sucesso continue, é fundamental que políticas públicas de incentivo ao esporte paralímpico sejam fortalecidas, garantindo o apoio necessário aos atletas, desde a base até o alto rendimento", concluiu o professor Fausto.
*Atualizada em: 13/09/2024 - 13h36
*Com informações da Assessoria FIEMS