SESI-SP promove a primeira edição do Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria

Conselho Nacional do SESI marca presença no evento em Taubaté, no interior de São Paulo

Por: Vanessa Ramos
24/07/2024 - 14:50
SESI-SP promove a primeira edição do Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria
Evento aprofundou discussões sobre a aplicação da NR 1, da fiscalização e do planejamento das empresas para reduzir riscos no trabalho | Foto: Karim Kahn/SESI-SP
A cidade de Taubaté (SP) sediou o Seminário ‘Saúde e Segurança no Trabalho (SST) na Indústria’, promovido pelo SESI-SP nesta terça-feira (23). O evento ocorreu na escola da entidade, no bairro Vila Santa Isabel. O objetivo do evento foi debater estratégias de proteção à vida de trabalhadoras e trabalhadores e garantir boas práticas das empresas.
 
Esta é a primeira edição nacional do seminário, que abordou temas como o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o eSocial. O primeiro consiste em um conjunto de ações coordenadas de prevenção destinadas a proteger o meio ambiente, evitar danos e acidentes com trabalhadores e reduzir perdas para as empresas. Por sua vez, o eSocial integra o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), modernizando o cumprimento das obrigações acessórias das empresas ao unificar o envio de informações fiscais, previdenciárias e trabalhistas de forma digital.
 
O seminário foi realizado no mês em que se comemora o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho, em 27 de julho, ressaltando a importância da conscientização e da promoção de práticas seguras no ambiente de trabalho.  
 
O superintendente do SESI São Paulo, Alexandre Pflug, destaca a atuação da entidade na preservação da vida e do bem-estar dos trabalhadores por meio da gestão empresarial e do cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs).
 
Pflug enfatizou que a atuação do SESI junto às empresas é essencial para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis, promovendo a conformidade com as normas de segurança e a saúde ocupacional. “O foco principal atualmente é a NR 1, que trata do gerenciamento de riscos ocupacionais, um parâmetro inicial para que as empresas possam desenvolver seus próprios planos estratégicos, de trabalho e de ação. Isso deve fazer parte da atuação dos gestores das indústrias, já que as áreas de saúde e de segurança do trabalho podem gerar muitos custos e multas. A missão do SESI é prevenir e ajudar as empresas nisso”, conclui.
 
O presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, lembra que o mundo do trabalho não apenas está em constante mudança, como também a saúde e a segurança nos locais de trabalho se tornaram centrais, especialmente no cenário pós-pandemia.
 
"O SESI tem um papel fundamental nesse processo ao promover debates e implementar ações efetivas dentro das empresas, contribuindo para a melhoria, a inovação e a segurança dos trabalhadores," afirma.
 
Para exemplificar o papel do SESI, ele relembra que, em 2024, a entidade conquistou o primeiro lugar no Prêmio Top Of Mind Proteção, na categoria de entidade prestadora de serviço mais lembrada entre os profissionais de Saúde e Segurança no Trabalho.
 
Dados comprovam
 
Nos últimos anos, o SESI-SP tem investido de forma significativa em saúde e segurança, passando de 19.000 trabalhadores atendidos em 2020 para 263 mil em 2023, de acordo com dados trazidos pelo gerente de Saúde e Segurança na Indústria da entidade, Jeferson de Almeida Sakai.
 
Segundo Sakai, esse aumento é resultado do foco na atuação para atender aos interesses da indústria paulista, reduzindo riscos de multas e aumentando a produtividade dos trabalhadores. "O seminário é um marco importante para o SESI-SP, pois reforça nossa posição regional e fortalece nossa relação com a indústria," acrescenta.
 
Da mesma maneira, a diretora regional do SESI Taubaté, Roberta Borrego, avaliou que o seminário foi uma excelente oportunidade para aprofundar as discussões nas áreas de gestão e compliance nas empresas.

Roberta considera que os palestrantes convidados, especialistas na área de SST, proporcionaram uma visão abrangente sobre esses temas. "O seminário mostrou como as dimensões trabalhista, previdenciária e tributária das relações de trabalho se interligam e vão além. Precisamos nos atentar e nos preparar para esta virada de chave, porque a área de SST nas indústrias deixou de ser técnica para se tornar uma área de gestão estratégica corporativa, essencial para a sustentabilidade e a manutenção do negócio."


Professor Fausto, Roberta Borrego e Jeferson Sakai | Foto: Karim Kahn/SESI-SP
 
Especialistas na área
 
Conforme relatório publicado em 2023 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, intitulado "Análise de Impacto Regulatório: Norma Regulamentadora N° 01 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais", entre janeiro de 2022 e junho de 2023, foram executadas 22.084 ações fiscais em todo o país, todas com pelo menos uma ementa relacionada à Norma Regulamentadora nº 1.  
Desse total de fiscalizações relacionadas à NR 1, foram identificadas irregularidades em 11.084 casos analisados, o que significa que 50,19% das ações resultaram na constatação de pelo menos uma não conformidade pelas autoridades trabalhistas.
 
Para especialistas na área, isso demonstra a importância da NR 1 no contexto das fiscalizações de SST, evidenciando a necessidade contínua de monitoramento e o cumprimento das normas regulamentadoras para assegurar condições seguras e saudáveis de trabalho, assim como manter boas práticas empresariais.  
 
Engenheira química e de segurança do trabalho e especialista em Desenvolvimento Industrial do Departamento Nacional do SESI, Migliane Réus de Mello realça a necessidade de engajar a alta gerência no entendimento do gerenciamento de riscos e na valorização da segurança do trabalho.
 
"É a liderança comprometida que faz as coisas acontecerem. Precisamos desdobrar isso nos níveis de liderança da organização. O trabalhador deve compreender o que é gerenciamento de risco, como reconhecer perigos e como agir. O gerenciamento de risco é um processo vivo," explica.
 
Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gilmar Trivelato, também pesquisador da Fundacentro desde 1988 nas áreas de Higiene Ocupacional, Segurança Química e Gestão da SST, compartilha da mesma visão.
 
Assim como Migliane, Trivelato vê como um dos principais obstáculos a falta de comprometimento e de envolvimento das lideranças empresariais no processo de gerenciamento de riscos.
O pesquisador da Fundacentro ressalta que não é possível fazer um programa de gerenciamento de riscos sem o entendimento e o apoio das lideranças empresariais, inclusive no sentido de ampliar os mecanismos de participação dos trabalhadores.
 
"A participação dos trabalhadores também é limitada, precisa ir muito além da Cipa [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio]. Existe um entendimento restrito sobre o que é um PGR [Programa Gerencial de Riscos], visto como um documento, um laudo apenas. O GRO é um processo regulado importante dentro das empresas, mas as ações concretas devem ocorrer no chão de fábrica," avalia.
 
Para Migliane, que compõe hoje o Grupo de Trabalho Tripartite (GTT) para a revisão da NR 1 no país, as empresas devem reconhecer o gerenciamento de riscos ocupacionais como estratégico para a empresa.

“Precisam mudar o olhar de ‘cumprimento regulatório’ e incorporar isso na estratégia da organização. Quando o GRO faz parte do planejamento estratégico e orçamentário, o processo se torna fluido," elucida Migliane.

Ela evidencia também a importância da cultura organizacional na promoção de uma mentalidade ‘prevencionista’, algo que ainda, segundo a pesquisadora, não é comum no Brasil onde a abordagem tende a ser ‘reativa’. "Precisamos cultivar uma cultura prevencionista nas indústrias e no nosso país. A liderança colaborativa e o envolvimento dos trabalhadores são cruciais," sublinha.  
 
Os benefícios de uma abordagem pautada no planejamento, de acordo com Trivelato, envolvem a prevenção de perdas, o aumento da eficiência e da produtividade, e a melhoria da imagem das empresas. "É muito importante uma organização perceber e antecipar os problemas, isso mostra uma capacidade adaptativa, ao passo que mantém e melhora a vantagem competitiva sustentável", conclui.



Saiba mais: para assistir ao seminário e ouvir a fala de todos os palestrantes na íntegra, clique aqui

Utilizamos cookies para permitir o funcionamento de nosso site e para coletar estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. Saiba mais em nossa política de cookies ou gerencie suas permissões. Fale com nosso DPO através do e-mail: lgpd.cnsesi@cnsesi.com.br