Megacities Shortdocs: criatividade cinematográfica que florece na selva de pedra

Curtas-metragens como lupa socioambiental

Por: Robson Gomes
19/06/2024 - 15:00
Megacities Shortdocs: criatividade cinematográfica que florece na selva de pedra
Nunca foi só futebol - Curta Estudante - Erico Simonard e Manuela Fiuza | Tratamento de imagem: Roberto Ferreira
Em um período marcado por profundas transformações tecnológicas, econômicas e ambientais, o Festival Megacities Shortdocs de documentários cidadãos reafirma a importância do cinema como agente de mudança social. No Dia do Cinema Brasileiro, comemorado em 19 de junho, é essencial falar sobre o tema e reconhecer o poder da 7ª arte em provocar reflexões para influenciar positivamente a sociedade.
 
Nesse cenário contemporâneo onde os desafios climáticos e sociais se tornam cada vez mais urgentes, iniciativas que fomentam a conscientização e a mudança comportamental ganham relevância. O Festival, que premia filmes de até quatro minutos de duração, é uma experiência que expõe a produção audiovisual de baixo investimento como elemento transformador nas cidades com mais de 1 milhão de habitantes.
 
Criado na França em 2015, o Megacities Shortdocs projeta o Brasil na América Latina como um rico celeiro cinematográfico que parte da parceria entre a plataforma “São Paulo São” e a ONG “Métropole du Grand Paris”. A premiação da segunda edição brasileira, realizada em São Paulo, no Cine Reserva Cultural, em 27 de maio, reuniu mais de 300 curtas-metragens documentais, dos quais 80 brasileiros que expuseram a preocupação socioambiental dos organizadores e cineastas participantes.
 
Obra marcante é "Lavando Almas", finalista da versão internacional que levou o prêmio Melhor Curta Nacional. Dirigido por Rafael Machado dos Santos e Luis Guilherme Chagas, o documentário traz narrativa emocionante que destaca um projeto que oferece cuidados básicos de higiene aos moradores de rua de São Paulo, revelando a dignidade humana e a empatia como motores de transformação social.
 
O curta "Lixo no Lixo", de Haroldo Cesar de Castro Silva e Yara Leitão, está entre os destaques deste ano, premiado na categoria Melhor Iniciativa Urbana. A película narra a jornada do músico Paulo, que utiliza seu talento para conscientizar a população sobre o descarte correto do lixo. Por meio de apresentações envolvendo a comunidade, Paulo mostra que a música e a cultura podem ser ferramentas poderosas na luta contra a sujeira urbana.
 
O festival também premiou "Nunca Foi Só Futebol", na categoria Melhor Curta Estudante, documentário de Manuela Fiuza e Erico Simonard que explora a luta e a resiliência do primeiro time de futebol de salão transgênero de São Paulo.
 
"O Morro do Fubá" (La Colline Du Maïs) ficou com o prêmio Proximidade Feliz/Cidade de 15 minutos, ao mostrar como crianças se unem para revitalizar espaços verdes, em uma região ocupada por milícias no Rio de Janeiro, buscando o desenvolvimento saudável da comunidade. O filme é de Dandara Pires e Jonathan Roditi.
 
Ganhador na categoria Crise Climática, "Se o Campo não Planta, a Cidade não Janta", de Gabriel Valle e Fernanda Soares, explora um projeto de integração da agricultura orgânica em áreas urbanas, mostrando que é possível implementar nos grandes centros urbanos práticas sustentáveis comunitárias no enfrentamento de crises alimentares e ambientais.
 
A Menção Honrosa foi para o curta “Circuito Rios e Ruas Manifesto”, de Charles Groisman, que leva o espectador a um passeio pelas margens poluídas do Rio Pinheiros de São Paulo ao lado de Marcelo Taz.
 
O Megacities Shortdocs não apenas premia a criatividade, mas também funciona como uma plataforma para revelar iniciativas de impacto positivo. Segundo Maurício Machado, sócio-diretor da São Paulo São e organizador da edição brasileira, o Festival “hoje em dia, se reveste de uma importância muito grande em meio ao colapso climático, inclusive vivido pelo estado do Rio Grande do Sul”.
 
Machado explica ainda que o Megacities nasceu na França 2015, trazido ao Brasil há três anos. “Fizemos a segunda edição de forma presencial para poder homenagear de perto os concorrentes. O concurso, na verdade, é uma grande oportunidade para que, através do áudio visual, se possa revelar e inspirar novos projetos e iniciativas de impacto positivos nas cidades, seja voltado para causas ambientais, seja para causas de impacto social. É importante dar voz à comunidade, às transformações para minimizar os impactos climáticos cada vez mais recorrentes”.
 
No mês do meio ambiente e do cinema nacional, este projeto chega como um convite a todos os moradores de megacidades a plantar boas ideias para colher um futuro mais sustentável e humano na era digital. Os documentários do Megacities Shortdocs são janelas para possíveis soluções ante aos desafios urbanos. Destacam problemas e apresentam caminhos viáveis e inspiradores para a melhora da qualidade de vida nas grandes cidades, não só do Brasil.
 
É o caso de "The Atlantis Mussels", dirigido por Rachmat Kurniawan Idrus e Azyd Aqsha Madami. Filme indonésio sobre uma assustadora consequência das mudanças climáticas globais que arrematou a categoria Grand Prix Global. O documentário cobre a resistência de moradores de uma comunidade na costa da Capital Jacarta, conhecida como Região Especial, aos impactos ambientais. O curta mostra ao mundo a luta dos habitantes que convivem com o afundamento do solo naquela região.
 
No sentido de incentivar a cultura com foco em impacto socioambiental, o Conselho Nacional do SESI (CN-SESI) foi um dos apoiadores da edição 2023/2024 do Festival, ao lado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O apoio promove esperança e inovação cultural, estimulando a cidadania ativa e consciente, capaz de transformar a realidade urbana em um ambiente melhor de vivência e convivência.
 
Os filmes vencedores podem ser acessados no canal da São Paulo São no Youtube. 

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