No mês das mulheres, o Conselho Nacional do SESI promoveu um programa de palestras aos trabalhadores e trabalhadoras abordando o tema do assédio e a luta pela igualdade de gênero no ambiente de trabalho. Especialistas renomadas trouxeram suas perspectivas e experiências, destacando a necessidade de um comprometimento coletivo no combate a práticas abusivas e na construção de um ambiente mais inclusivo. As palestras realizadas nos dias 7 e 20 de março trouxeram reflexões profundas sobre as questões envolvidas.
No dia 7 de março, a Dra. Mayra Cotta, advogada especializada em gênero, ministrou a palestra intitulada "Mulheres e o mundo do trabalho". Mayra Cotta, autora do livro "Mulher, Roupa, Trabalho: Como se Veste a Desigualdade de Gênero", abordou a relação entre a forma de se vestir e a política de gênero no ambiente profissional. Segundo ela, o mundo do trabalho ainda é hostil às mulheres, e o modo como se vestem pode ser uma “manifestação política”.
Cotta defendeu a importância de se combater práticas violentas, amparadas por estruturas de privilégio ocupadas por homens. A especialista ressaltou que a presença das mulheres transforma as estruturas e contribui para a construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo.
Outras três palestras ocorreram no dia 20 de março, abertas e mediadas por Cida Trajano, então presidenta do CN-SESI, advogada, costureira e sindicalista do ramo do vestuário. Cida Trajano, TAMBÉM presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário (CNTRV) e diretora-executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), compartilhou experiências enquanto dirigente sindical, destacando as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho.
A então presidenta do CN-SESI abriu a sequência das apresentações com dinâmica com os funcionários, para relaxamento e ambientação. Em sua participação, Trajano ressaltou que o assédio sexual e moral são realidades presentes na rotina laboral, muitas vezes perpetrados por superiores hierárquicos. Cida enfatizou a importância de todos os colaboradores serem vigilantes para detectar e denunciar a violência no ambiente de trabalho.
Ainda no dia 20, a professora e cientista social Anatalina Lourenço também trouxe contribuições valiosas durante sua fala. Ela abordou a centralidade do debate sobre a mulher e destacou a desigualdade racial como um fator fundamental. Anatalina ressaltou que o racismo estrutural está presente nas relações de trabalho e que o emprego muitas vezes mantém as vítimas de assédio em silêncio. Ela chamou a atenção para as questões de interseccionalidade política, apontando que mulheres negras enfrentam desafios adicionais em relação a mulheres brancas na luta contra a violência de gênero.
Anatalina é ativista do Fórum de Mulheres Negras; integrante do Movimento Negro Unificado (MNU); sindicalista; atualmente Chefe de Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em seguida, Viviane Stadler, advogada e consultora na prevenção de passivos, compliance e governança nas empresas, também contribuiu para as palestras. Ela apresentou aspectos legais relacionados ao assédio sexual e compartilhou mensagens de incentivo à denúncia contra esse tipo de abuso. Viviane destacou que qualquer forma de assédio, mesmo após uma negativa inicial, configura uma violação e deve ser denunciada.
As palestras promovidas pelo Conselho Nacional do SESI trouxeram importantes reflexões sobre o assédio sexual no ambiente de trabalho e a luta pela igualdade de gênero. As palestrantes ressaltaram a importância de combater as práticas abusivas e promover um ambiente inclusivo, onde todas as mulheres se sintam seguras e respeitadas.
A iniciativa é um marco para criação de uma cultura de respeito e igualdade no ambiente de trabalho, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.