Temas relevantes sobre os aspectos da reforma tributária, que impactam no desenvolvimento e no processo de reindustrialização do Brasil, entraram em debate na sede dos Diários Associados, na tarde desta terça-feira (20).
Questões relacionadas a tributação na indústria, arrecadação justa, emprego e renda, além dos desafios e oportunidades apresentados pela nova economia no mercado de trabalho marcaram o evento "Reforma Tributária e a Indústria". O encontro partiu de uma iniciativa do Correio Braziliense em parceria com o Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (CN-SESI).
Na abertura, Vagner Freitas, presidente do CN-SESI, destacou a importância da reforma tributária como uma medida essencial para fortalecer a indústria nacional e garantir o desenvolvimento sustentável do país. Ele abriu o debate ao lado de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Geraldo Alckmin, presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
"A reforma tributária é o arcabouço de soberania nacional que precisamos para que a reindustrialização seja a âncora de um processo maior de desenvolvimento sustentável e duradouro", apontou o presidente do CN-SESI.
Segundo os especialistas, divididos em três painéis, a reforma tributária é uma medida essencial para viabilizar o processo de reindustrialização, uma vez que um sistema tributário justo pode reduzir os custos e incentivar o investimento na indústria. A expectativa é de que a reforma possa construir uma base sólida para competitividade e para a geração de emprego e renda, impulsionando a retomada do crescimento no país.
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, destacou que o atual sistema tributário prejudica o avanço econômico da indústria. “A indústria nacional está há décadas sufocada pelo vigente sistema tributário e prejudicada na disputa com seus concorrentes estrangeiros”. E completou: “Não há dúvida de que o setor industrial, foco deste debate, é fundamental para a prosperidade de qualquer povo. Não se conhece uma nação que tenha conseguido desenvolvimento econômico e social sem ter uma indústria forte”.
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou a necessidade urgente de aprovar a reforma tributária ainda este ano. Ele defendeu essa mudança como a "mãe de todas as reformas" e destacou que ela pode gerar um crescimento de 10% no país em um prazo estimado de 15 anos, impulsionando a economia e auxiliando na geração de empregos e investimentos.
Alckmin ressaltou a importância da implementação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) único, seguindo o modelo de outros países. Ele reconhece os grandes desafios a serem enfrentados para que a reforma seja executada e concluiu afirmando que não será fácil. “Se fosse fácil, há muito tempo seria feito”.
De acordo com os debatedores, a tributação excessiva sobre a produção industrial cria obstáculos para novos investimentos e criação de novos postos de trabalho. Um novo modelo no processo de arrecadação pode desencadear um ciclo virtuoso de crescimento, aumentando o poder de compra da população e melhorando a distribuição de renda.
No painel: "A tributação e a nova economia - desafios e oportunidades no mercado de trabalho", Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) defendeu a redução da taxa básica de juros e a reindustrialização como medidas urgentes para gerar empregos, alavancar a economia e garantir a justiça social no país.
Contundente, o líder sindical criticou a atual taxa de juros: "Hoje, manifestações acontecem em todo o país pedindo a diminuição da taxa de juros. Não há justificativa para o Brasil manter uma taxa tão elevada como os atuais 13,75%. Isso é uma verdadeira doença que afeta a economia brasileira", protestou Nobre.
No mesmo painel, foram debatidas as perspectivas e desafios apresentados pela economia digital. Especialistas destacaram a necessidade de atualizar o sistema tributário para atender às demandas da nova economia. Segundo eles, a tributação dessas novas atividades econômicas pode gerar uma renda importante para o país e reduzir as desigualdades sociais.
