Alunos do SESI Bahia mudam realidade das famílias de comunidade de baixa renda
Projeto desenvolvido nas aulas de iniciação científica possibilitou ao aluno Juan Júlio Teles bolsa de estudos na Polônia e nos Estados Unidos
12/08/2022 - 09:03
Um grupo de alunos da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, do bairro Retiro, em Salvador (BA), desenvolveu projeto para aumentar a renda das famílias que trabalham no Porto das Sardinhas, no subúrbio ferroviário da cidade. A partir do aproveitamento das sobras dos peixes, os estudantes criaram um composto proteico para ser comercializado. Os resultados foram reconhecidos por grandes universidades internacionais.
O Porto das Sardinhas está localizado na Baia de Itapajipe, no bairro São João do Cabrito. É o principal ponto de comércio de peixes do estado e recebe cerca de 1500 pessoas por semana. O negócio começa às 4h, pela pesca de toneladas de sardinhas diariamente. O trabalho envolve 18 embarcações. Em períodos de pesca farta, o quilo do peixe chega a custar R$ 0,30.
Na beira-mar, as mulheres cortam cabeça, cauda e limpam a sardinha pelo valor de R$ 1 por quilo. Em razão do alto volume de trabalho e baixo valor da remuneração, era comum ver crianças ajudando as mães para aumentar a renda familiar.
Com a orientação do professor Anderson de Sousa Rodrigues, responsável pelo projeto de iniciação científica na escola do Retiro, o grupo de pesquisa SMOTES (Sistema de Monitoramento do Tempo e Estudos Socioespaciais) fez uma análise socioespacial do Porto das Sardinhas, no qual os estudantes propuseram o aproveitamento dos restos de peixe para a elaboração de uma ração para pets. Os insumos que antes eram tratados como resíduos orgânicos foram transformados em composto rico em Ômega 3.
A remuneração das mulheres, que antes variava entre R$7 e R$ 100 por dia - a depender do período do ano - dobrou. Assim, muitas crianças que trabalhavam no local foram liberadas do serviço e puderam voltar à escola.
“O SESI educa para solução de problemas reais. Esse foi um exemplo do impacto que a educação pode trazer para as comunidades locais. Nossos alunos passam a ter um olhar diferente para as questões ao seu redor”, disse o professor.
Os projetos desenvolvidos junto à população local servem como laboratório para iniciativas com potencial para serem realizadas em grande escala. O Sistema SESI, ao investir em projetos dessa natureza, cria uma onda de inovação a ser absorvida pela indústria nacional, capacitando a nova geração para a disrupção científica.
Nas atividades de contraturno, os estudantes desenvolvem teses e pesquisas com as mesmas metodologias utilizada nas universidades. A familiaridade com as técnicas e nomenclaturas é reconhecida na academia internacional.
A partir do projeto desenvolvido no Porto das Sardinhas, o aluno Juan Teles Andrade foi selecionado para o curso de idiomas na Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina. A experiência despertou no estudante um olhar diferenciado para as relações internacionais e o interesse pela cultura de outros países. Com o portfólio conquistado no SESI, Juan inscreveu-se em outras oportunidades internacionais.
Em 2022, Juan Teles foi o único brasileiro selecionado para bolsa completa no programa The School of the New York Times, o maior jornal dos Estados unidos. Em 15 dias de imersão, Juan teve contato com jornalistas de alto gabarito e, ao final, escreveu artigo para ser publicado no periódico. Em agosto, Teles partiu para a Polônia, onde finalizará o Ensino Médio na Escola Técnica de Varsóvia, a Akademia High School.
Conheça a história de Juan Teles:
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