O SESI Nacional convidou representantes de grandes empresas de transporte e logística para analisar o modelo atual de educação e traçarem o perfil de profissional que o mercado precisa. O assunto foi destaque do painel "O pensamento computacional como solução para problemas reais", promovido durante o Seminário Internacional SESI Educação, realizado no dia 26 de maio, em São Paulo.
Do painel, participaram Rodrigo Neves, diretor de Logística e Customer Care LATAM da Rockwell Automation; Jean Klaumann, CEO da Neogrid; e Lee Magpili, Senior Designer da LEGO. A conversa foi mediada por Pilar Lacerda, pesquisadora associada da DGPE/FGV RJ; e por Luiza Parente, jornalista.
Para introduzir o tema, Parente lançou aos convidados questão sobre o preparo que o mercado espera que as escolas ofereçam aos estudantes para que possam ter uma boa atuação na vida profissional.
Conceitos como empatia, capacidade de encontrar problemas e resiliência foram os tópicos mais citados pelos empresários, que afirmaram buscar um perfil de profissional mais autônomo e interessado em inovar em seu nicho de atuação.
Conheça as principais opiniões sobre o trabalhador do presente e do futuro:
Rodrigo Neves, diretor de Logística e Customer Care LATAM da Rockwell Automation
A gente vê muitos jovens querendo ajudar. Eles têm boa formação, aprenderam a resolver problemas. O que falta, e o que poderíamos discutir como tratar, é: os jovens não conseguem pensar em qual problema resolver. Não sabem por onde começar. Quando eles se deparam com um problema, não sabem quebrá-lo e resolver por etapas. Minha opinião sobre a formação futura desses jovens é que eles precisam saber quais problemas precisam, efetivamente, ser resolvidos. A vida real é assim: a gente tem que aprender a aprender. Os alunos têm que saber identificar problemas e nem sempre são problemas grandes, mas detalhes que sejam importantes para as empresas. Talvez abandonar o modelo de matérias que temos hoje. Ter problemas que cruzam as fronteiras da matemática, da física, biologia.
Jean Klaumann, CEO da Neogrid
É uma geração de pessoas que vão para o mercado mais tarde, com mais informações e com mais presunção, porém, sem vivência prática. Eles têm que ser críticos, ter domínio de matemática e estatística, pois são fundamentais para qualquer profissão. Na perspectiva comportamental, vejo uma geração que não tem resiliência. É uma geração que pode ocupar um espaço muito maior. O que a escola pode nos ajudar é a pensar em como posso estimular esse cara a propor, a ter método para construir seu plano de carreira pessoal, não apenas fazer o que lhe foi pedido.
Lee Magpili, Senior Designer da LEGO
Como designer, meu trabalho é sempre pensar em como eles devem começar a resolver um problema. Eu trago problemas que as pessoas ainda não entenderam ou não viram isso na vida. Talvez, um deles vai ter interesse nisso. Uma das coisas que as crianças podem aprender é como fazer perguntas. Eu tive muita dificuldade com isso. A respeito de como ajudar os jovens, acredito que devemos começar pensando em como ajudar os professores, dando apoio para que possam entender o que esses jovens querem, o que eles sabem. Dar tempo para os professores entenderam os problemas, para que eles possam tornar isso divertido e relevante para os alunos. Nós, os CEOs e designers, precisamos trazer para os alunos algo que eles possam entender, dar algo nas suas mãos para que eles possam segurar, ter a sensação, e saber como pensar na solução de problemas.
Tornoi de Robótica
As empresas selecionadas para o painel "O pensamento computacional como solução para problemas reais" atuam nas áreas que foram temas centrais do torneio de robótica promovido pelo SESI neste ano. O campeonato começou no dia seguinte, 27 de maio, com 40 equipes participantes. Ao longo do ano, os alunos foram desafiados, a projetar, desenvolver e programar soluções tecnológicas ligadas ao transporte, embalagem e entrega de produtos no país.
Um dia antes da abertura do evento para as crianças e adolescentes – entre 9 e 19 anos – o Seminário reuniu educadores para repensar a forma de ensinar e de incluir a tecnologia computacional no aprendizado.
“São conceitos e novas práticas que surgem, como sala de aula invertida, solução de problemas, educação inovadora e linguagem, como letramento digital e pensamento computacional. Existe a necessidade de incorporar isso, mas no Brasil há resistência. O professor nunca será substituído, mas podemos melhorar seu papel com conjunto de tecnologias”, declarou o diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi na abertura do Seminário.