Modelo de integração SESI e SENAI atende às demandas do Polo Industrial de Manaus. Ex-alunos têm 85% de empregabilidade imediata.
Comitiva do Conselho Nacional do SESI (CN-SESI) esteve na capital do Estado do Amazonas para conhecer o modelo de integração entre o SESI e SENAI. A equipe visitou as escolas SESI Dr. Francisco Garcia (Educação Infantil e Ensino Fundamental) e Emina Barbosa Mustafa (Ensino Médio), o Instituto de Inovação do SENAI (ISI Micro) e o SESI Clube.
A Educação Infantil tem capacidade para acolher cerca de duas mil crianças, a partir de quatro meses. No Ensino Fundamental, os alunos iniciam o estudo da robótica, que desenvolve habilidades a serem exploradas no Novo Modelo do Ensino Médio.
O SESI e SENAI são instituições pioneiras no Estado na adaptação e oferta do novo formato de ensino, que se tornará obrigatório, a partir do próximo ano, para todas as escolas da rede pública e privada, conforme alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Para acolher os estudantes da Educação Técnica e Profissionalizante, o SENAI investiu cerca de R$ 17 milhões em estrutura física e equipamentos de última geração usados em práticas e pesquisas destinadas a potencializar o mercado de local. Manaus abriga um polo industrial com cerca de 600 empresas atuantes, especialmente, nos setores de televisão, informática e motocicletas.
Segundo o diretor regional do SENAI, Rogério Pereira, cerca de 85% dos ex-alunos conseguem emprego logo após a formação. Os demais são absorvidos em poucos meses e em cargos que variam da produção à liderança de equipes.
O roteiro de visitas incluiu as fábricas da Yamaha (motocicletas) e da Magnum (relógios). A equipe do CN-SESI visualizou a prática da indústria local e a dinâmica dos egressos da formação técnica e profissionalizante já em exercício.
“Pela primeira vez, foi realizada uma visita ao parque industrial, conhecendo o trabalho dos técnicos já formados”, ressaltou o General.
Visita técnica
O superintendente executivo do Conselho, Gen. Pedro Fioravante, destacou a importância do contato entre as entidades nacionais e as Federações das Indústrias. “Estamos trazendo (nas visitas técnicas) colaboradores de setores variados do CN-SESI para conhecer as atividades de excelência, que são feitas junto ao público final, com compromisso e o brilho nos olhos de quem atua na formação das nossas crianças”, disse. “Tive a honra de servir por duas vezes nesta região. Não tem no mundo nada parecido com a Amazônia”.
“Já estive outras vezes em Manaus, mas nunca tinha visitado uma unidade do SESI/SENAI aqui. Quando o presidente assumiu, ele prometeu que, a cada visita, ele traria um representante dos trabalhadores para que a gente pudesse conhecer o trabalho do SESI e do SENAI. Esse protocolo está sendo cumprido. Para nós, é muito importante, porque somos multiplicadores da informação para nossos trabalhadores. Precisamos mostrar o que o SESI oferece para os trabalhadores, seus familiares e, principalmente, para a comunidade, que é de grande expressividade, pois fica para sempre”.
Rogério Aquino, membro do Conselho Nacional do SESI e diretor da Força Sindical.
Além do superintendente do CN-SESI e do conselheiro Rogério de Aquino, acompanharam as visitas técnicas em Manaus a gerente de Planejamento, Gestão e Fiscalização, Fanie Ofugi, o assessor da Presidência, Marcelo Lassance, a secretária executiva, Maria Juliana Videres, e a assessora de Comunicação, Gisele Diniz.
Novo Ensino Médio cria oportunidades em Manaus
Primeira turma de formandos do novo modelo de ensino terá 56 alunos, alguns já absorvidos pelo mercado de trabalho.
No quarto ano de implementação do Novo Ensino Médio, 56 alunos do SESI e do SENAI do Amazonas receberão, em dezembro, a dupla certificação – comprovando finalização do Ensino Regular com formação técnica e profissional em Eletrotécnica. O modelo é pioneiro no Estado e já abre oportunidades para os estudantes.
A introdução ao mercado de trabalho começa na linguagem de programação, inclusa nos estudos de robótica desde o Ensino Fundamental. “Quando você aprende a aprender, tudo fica mais fácil. Se alguém lançar um desafio para mim, eu consigo, não só me adaptar para aquele desafio, mas aprender com os erros. Em relação ao mercado de trabalho. Aqui dentro, a gente utiliza muito a linguagem Java. Tem uma boa correlação com os princípios que a gente utiliza lá fora”, explica o estudante Nelson Keije, 17 anos, um dos formandos do Novo Ensino Médio da Escola SESI Dra. Emina Barbosa Mustafa.
Keije também receberá a certificação profissionalizante, que já o gabarita para ocupar vagas até internacionalmente. “Estou em três projetos: um deles é um aplicativo de compras em que a central fica na Bahia e eu ajudo no suporte e manutenção do sistema. O outro utiliza análise de dados de lojistas de moda. Ou seja, venda e compra de roupas que utilizam inteligência artificial para melhorar a venda, controlar o estoque de roupas. No (projeto) mais recente, a central fica na Alemanha. Faço a manutenção de website de uma empresa que utiliza análise de dados para detecção de vírus em arquivos”, contou.
Na mesma classe está Vitor Gabriel Simões, 18 anos, também já empregado. “Não demorei muito a entrar no mercado de trabalho. O que me fez diferente foi o curso de eletrotécnica, porque na empresa eu vou seguir nessa área, na parte de manutenção até chegar à linha de produção. Esse curso me ajudou muito a me desenvolver como pessoa e como profissional. Me ensinou desde fazer um currículo até a desenvolver habilidades que um profissional precisa”, avaliou Simões.
Para Vitor Gabriel, a integração com o SENAI é benéfica tanto para os alunos do Ensino Médio quanto para os mais avançados do Ensino Profissionalizante. “A gente troca ideias para saber o que eles estão fazendo. Eles tiram nossas dúvidas e nós também ajudamos nas dificuldades que eles têm. Trocamos até materiais para fazer projetos”, contou o estudante.
A superintendente do SESI no Estado, Rosana Vasconcelos, informou que a integração foi um processo conduzido em parceria entre os profissionais das duas Entidades. “Houve várias reuniões entre pedagogos e proessores do SENAI e do SESI para que a integração fosse real”, disse.
A construção pedagógica conjunta também possibilitou a adaptação da metodologia para atender ao primeiro aluno com Síndrome de Down no Novo Ensino Médio. João Vitor Batista, 20 anos, está entre os formandos que receberão o diploma de eletromecânica pelo SENAI.
“Em muitos assuntos, o João acompanha no mesmo nível. Alguns temas precisam ser adaptados e os professores, por conhecerem a necessidade, fazem os ajustes necessários para o nível de entendimento dele. Porém, ele acompanha o mesmo currículo, atividades e livros igual a todos os alunos”, disse a pedagoga do Novo Ensino Médio do SESI, Genilda Tinoco.
Para o futuro, Batista planeja ingressar no curso de Panificação também no Senai.
Os alunos do SESI no Amazonas compartilham conhecimento com os estudantes de áreas mais afastadas da Capital, ampliando os benefícios do modelo mais atual da educação. Em setembro deste ano, a equipe de robótica, Team Prodixy, doou 300 livros de literatura infanto-juvenil para a criação de uma biblioteca na Escola Municipal Boa Vista, localizada na Reserva Ambiental do Amanã - a 632.57 km de Manaus. A ação é parte do projeto “Biblioteca Sem Fronteira”.
Na entrega do material, os alunos do SESI promoveram uma oficina prática de robótica, seguida por um mini torneio para que os colegas pudessem ver, na prática, os protótipos criados em funcionamento.
A Escola de Boa Vista foi a terceira a receber a doação. Ao todo, mais de 900 livros foram entregues a comunidades locais. O Lar Batista Janell Doyle, em Manaus, e a Escola Municipal Indígena Antonio Lima, localizada na aldeia indígena dos Mura, foram as primeiras contempladas.
Projeto satélite
Estimulados pela Olimpíada Brasileira de Satélites, realizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), os alunos do 1º ano do Ensino Médio criaram soluções para proteção das comunidades ribeirinhas e preservação do Rio Amazonas.
Para reforçar a segurança dos ribeirinhos, Emily Rebeca, Vitor Gabriel, Nicolas Coelho e Danilo criaram um sistema de comunicação entre as comunidades para agilizar o socorro em situações de emergência. Neste caso, o satélite é usado para estabelecer a comunicação radioamadora, reduzindo o tempo de atendimento e monitorando as necessidades dos moradores de regiões distantes ou completamente isoladas.
Ana Caroline Silva, Bernardo Benzaquem, Julia Costa, Rayssa Pacchioni e Rafaela Gois concentraram a pesquisa no monitoramento de manchas de óleo no Rio Amazonas. O grupo usa dispositivos com sensoriamento remoto para monitorar a composição química da água ao longo do Rio. O satélite coleta informações e as envia para análise.
O Amazonas também tem a temperatura monitorada pelos estudantes do SESI. Os dados coletados, neste caso, servem para avaliar e prever cenários de mudanças de calor que possam provocar a morte e extinção de espécies. Entre as situações verificadas está o avanço do desmatamento, que tem impacto sobre a temperatura natural.
A Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) inclui as comunidades de áreas mais remotas no mercado de trabalho. Por meio dos barcos-escola, ribeirinhos recebem capacitação em cursos gratuitos de panificação, eletromecânica, eletrônica, construção civil, confecção, mecânica, soldagem, segurança no trabalho, marcenaria, atendimento ao cliente, fármacos e refrigeração.
O primeiro barco foi inaugurado em junho de 1979. Desde então, foram rodados mais de 70 mil quilômetros – o equivalente a duas voltas ao mundo. Assim, o Senai capacitou mais de 48 mil pessoas em 61 municípios do Acre, Amazonas, Amapá. Rondônia, Roraima e Pará.
A segunda versão - o Samaúma II - foi projetada para aumentar em 30% a capacidade de atendimento às comunidades. A estrutura é capaz de abrigar 80 toneladas de equipamentos de salas de aula, laboratórios e práticas diversas. São 34 cursos simultâneos, com duração entre dois e três meses.
O projeto foi desenvolvido com responsabilidade ambiental. A embarcação possui sistema de captação de água da chuva, geração de energia solar, tratamento de dejetos e coleta seletiva para destinação correta de resíduos sólidos. O Samaúma II também é acessível para pessoas com deficiência.
A expectativa é que, juntos, os barcos-escola formem cinco mil ribeirinhos ao ano, uma média de 160 alunos por turno, em dez municípios.
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