Desde 1994, produtores procuram a qualificação para colocar em prática nas lavouras o cuidado com os trabalhadores e o meio ambiente
A preocupação com a saúde dos trabalhadores e a conservação do meio ambiente é uma constante entre os produtores rurais. Inúmeros fatos demonstram quanto os agropecuaristas são cautelosos em relação ao tema. Diante deste cenário emblemático, desde 1994, quando o SENAR-PR ofereceu suas primeiras formações, o curso ‘Trabalhador na Aplicação de Agrotóxico’ é o mais procurado entre todas as opções de formações. De lá para cá, o catálogo de cursos disponíveis já conta com mais de 250 formações, mas ainda assim a capacitação é a mais demandada.
Flaviane Medeiros, técnica do SENAR-PR e responsável pelo curso, enfatiza que apenas em 2018 foram mais de 500 turmas promovidas, para trabalhadores e produtores rurais. “O curso trata principalmente de aspectos que interferem na saúde e segurança do trabalhador, além da destinação correta de embalagens vazias. Inclui tudo o que a norma regulamentadora prevê. São três dias de treinamento que o participante dedica ao tema”, explica. “Também aborda a tecnologia de aplicação, que não é uma exigência da norma regulamentadora, mas que o SENAR-PR disponibiliza como um diferencial”, complementa.
Instrutor do SENAR-PR desde as primeiras turmas do curso, Alcione José Ristof, de Medianeira, no Oeste do Paraná, lembra que a realidade dos defensivos agrícolas nos anos 1990 era bastante diferente. “Os produtos disponíveis na época possuíam níveis de toxicidade mais altos e ainda não havia tanta facilidade no acesso a Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). Para se ter ideia, não era possível comprar uma unidade de um determinado EPI, apenas de 10 em 10. Então começamos a trabalhar com distribuidores para haver maior disponibilização”, cita.
Ristof compartilha sua experiência e demonstra orgulho de ter atuado para a transformação e melhora do segmento de defensivos agrícolas. “Conforme as coisas foram evoluindo, o curso também foi mudando. A pesquisa foi apontando formulações mais seguras, de modo a preservar inimigos naturais nas lavouras. Chegamos a uma variedade de produtos com formulação menos concentrada. Temos muitas opções hoje em dia. Toda a questão ambiental melhorou muito. A legislação também se modernizou. É um prazer fazer parte disso”, comenta.
Murilo Galvão Teixeira, de Curitiba, é instrutor do curso sobre aplicação de agroquímicos desde 2012. Nos últimos anos, ele tem sentido uma mudança entre as pessoas que buscam o curso. “Tenho visto um número cada vez maior de jovens fazendo o curso, pois as novas gerações estão assumindo funções nas propriedades. O pessoal mais velho, muitas vezes, fazia curso por demanda de cliente, de mercado. Essa nova geração do campo está se interessando em fazer as coisas da melhor maneira possível, e não apenas repetir o que sempre foi feito. Vejo com muita satisfação uma geração nova surgindo”, revela.
O produtor Miguel Luiz Severino Alves, atualmente presidente do Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul, foi instrutor do curso por 12 anos. “O SENAR-PR tem acompanhado toda essa evolução das tecnologias, máquinas e produtos utilizados e levado informações de qualidade ao campo. E, além da melhoria da tecnologia, outra coisa que compartilho é a preocupação da instituição com a questão da segurança na hora da aplicação. O trabalho no SENAR-PR tem conscientizado os produtores nesse aspecto. Me orgulho muito de ter formado e contribuído com a vida de tantos produtores rurais pelo Estado”, pontua.
Conhecimento no campo
O produtor rural Ilsione Francisco Cherubini, de Medianeira, no Oeste do Paraná, trabalha com agricultura em uma área de cerca de 300 hectares. Ele tem uma relação de mais de 25 anos com o SENAR-PR. Ainda nos anos 1990, participou de uma das turmas do curso. “Eu já trabalhava com grãos naquela época. O curso ajudou bastante. Não tínhamos instrução até então e, a partir desse curso, percebemos a necessidade de se prestar atenção em uma série de detalhes para preservar a saúde do trabalhador e o meio ambiente”, lembra.
Hoje, Cherubini conta com três funcionários trabalhando em sua propriedade, todos com cursos do SENAR-PR na aplicação de agrotóxicos e outras áreas. “Nós estamos sempre em busca de melhorias nesse sentido e as próprias empresas que produzem agroquímicos começaram a mudar também, disponibilizar produtos melhores, com princípios ativos mais eficientes. Contamos bastante com a ajuda do SENAR-PR na nossa rotina, trazendo sempre coisas novas”, revela.
Não é só para quem trabalha com áreas maiores de culturas de verão e inverno que o curso de aplicação de agroquímicos tem sido importante. Frank Kriscewirch, um alemão que se mudou para o Brasil e produz flores em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, há 25 anos, fez questão de que todos os seus funcionários, antigos e atuais, passassem pela formação. “Aqui não temos trator, ou seja, as aplicações são em estufa, com bombas costais. No curso, podemos esclarecer dúvidas e agregar conhecimento, até para poder cobrar o cuidado necessário dos funcionários, como uso de EPI e outros procedimentos”, conta.