Legado B20 defende educação alinhada à transformação digital e economia verde

Evento da CNI e do CN-SESI destaca a necessidade de integrar inovação tecnológica e sustentabilidade ao ensino básico e à formação profissional

Por: Robson Gomes e Vanessa Ramos
12/02/2025 - 17:17
Legado B20 defende educação alinhada à transformação digital e economia verde
Conselheiros do SESI marcam presença nos debates em Brasília | Foto: Gilberto Sousa/CNI
A rápida evolução da Inteligência Artificial (IA) e a demanda por processos produtivos mais sustentáveis impõem desafios inéditos à educação básica e profissional. O tema foi debatido nesta terça-feira (11), em Brasília, durante o segundo painel do evento "Experiências Internacionais do B20 Brasil: uma agenda para a educação básica e a requalificação profissional", promovido pelo Conselho Nacional do SESI e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

A discussão, coordenada pelo diretor da CNI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, contou com especialistas dos setores público e privado, que apresentaram estratégias para qualificar a força de trabalho brasileira diante desse novo cenário.

Entre os temas discutidos, estiveram a atualização curricular, a formação continuada e a adoção de políticas que incentivem a adaptação dos trabalhadores às mudanças tecnológicas e ambientais.
 
Desafios na educação

A conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE), Cleunice Matos Rehem, enfatizou a urgência de uma reformulação curricular. “As instituições de ensino precisam modernizar sua gestão e incluir habilidades digitais em todos os níveis de ensino”, afirmou. Para ela, sem essa atualização, o Brasil corre o risco de formar profissionais desatualizados, incapazes de atender às novas demandas do mercado.
 
Esse ponto foi reforçado pelo secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Marcelo Bregagnoli, que apontou a necessidade de acelerar as mudanças no ensino profissionalizante. “A educação profissional e tecnológica precisa estar alinhada à transformação digital e à economia verde. Precisamos de um modelo educacional colaborativo e adaptável para acompanhar a velocidade das mudanças tecnológicas”, considera o secretário.
 
Encontrar uma solução para o descompasso entre ensino e mercado é uma das preocupações de Gisela Sender. A diretora da Accenture disse que não basta atualizar currículos. Para ela, é preciso garantir que as competências desenvolvidas sejam as que realmente serão exigidas no mundo do trabalho.
 
Diretor da Cisco Network Academy Brasil, Gabriel Barros complementou a visão da diretora da Accenture, defendendo maior integração entre instituições de ensino e setor produtivo. “Precisamos de mais agilidade na certificação de novas habilidades e na ampliação de parcerias com empresas para desenvolver currículos dinâmicos e alinhados às demandas reais.”
 
Uma perspectiva prática sobre a implementação dessas mudanças foi apresentada pelo diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, que defendeu uma infraestrutura educacional mais tecnológica, com acesso digital ampliado e metodologias que aproximem o ensino da realidade industrial.
 
Para o secretário de Trabalho, Emprego e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego, Magno Lavigne, a transição para um novo modelo econômico e tecnológico precisa ser inclusiva.
 
Ele defendeu que a formação profissional precisa ser uma prioridade nacional: “Se não garantirmos que a educação chegue a todos, criaremos um mercado de trabalho ainda mais excludente”, ressaltou.
 
Financiamento e desafios estruturais
 
O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Marcelo Bregagnoli, abordou os desafios de financiamento e regulamentação da educação profissional.
 
“Temos um desafio de celeridade. O mercado está mudando rapidamente e a educação precisa acompanhar esse ritmo”, disse o secretário, que enfatizou ainda a importância da Política Nacional de Educação Profissional e Tecnológica (PNEPT) e do Sistema Nacional de Avaliação dos cursos técnicos.
 
Bregagnoli destacou que a transição para uma economia verde deve ser prioridade para a formação profissional.
 
“A questão da transformação da economia verde e da Inteligência Artificial precisa ser enfrentada com um modelo educacional colaborativo e adaptável. Não podemos tratar esses temas de forma separada, pois estão profundamente interligados na construção do futuro do trabalho”, afirmou.
 
Ele também mencionou iniciativas governamentais que buscam fomentar a qualificação de profissionais para atuar em setores sustentáveis: “Estamos construindo políticas que incentivam cursos voltados para a economia verde, buscando formar profissionais preparados para essa nova realidade produtiva.”
 
O secretário de Trabalho, Emprego e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego, Magno Lavigne, expôs a preocupação sobre a necessidade de equilibrar o avanço tecnológico com a inclusão social. “Se não compreendermos a lógica do impacto da IA no mundo do trabalho, corremos o risco de tornar nossa sociedade ainda mais excludente.”
 
Ele alertou para a precarização do emprego e a necessidade de políticas que garantam uma transição justa para os trabalhadores. Segundo Lavigne, o Brasil precisa de um pacto nacional para garantir um desenvolvimento econômico inclusivo.
 
Novas demandas do mundo do trabalho
 
O diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, destacou a necessidade de formação massiva dos profissionais. “As empresas estão angustiadas, as pessoas estão angustiadas. A única forma de reduzir essa angústia é com doses de conhecimento”, afirmou.
 
Ele ressaltou que a transformação digital já é uma realidade e que o SENAI tem atuado para incorporar novas tecnologias às suas metodologias. “Criamos um programa de inteligência artificial para a indústria, porque, sem qualificação, as empresas não conseguem aplicar essa tecnologia.”
 
Aspectos sobre regulação e políticas públicas na transição foram destaque na fala da conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE), Cleunice Matos Rehem.
 
“Estamos convivendo com o desaparecimento de profissões e o surgimento de novas demandas no mercado. Políticas públicas precisam estar direcionadas para esse novo contexto”, declarou. Ela explicou que o CNE já criou comissões para estudar o impacto da IA na educação e regulamentar sua aplicação. 


Clique aqui e assista o evento na íntegra.
 
 
 

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