Com uma longa atuação na área de políticas públicas para o trabalho, o geógrafo e gestor Marcelo Marcos Benedito, de 51 anos, é o mais novo membro do Conselho Nacional do SESI (CN-SESI). Atualmente, Benedito é assessor da Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Como representante do governo federal no CN-SESI, sua principal atuação será no sentido de ampliar a parceria entre o SESI e o poder público, sobretudo no que se refere à oferta de cursos de qualificação para atender as demandas da Nova Indústria Brasil (NIB) – política industrial lançada pelo governo no início de 2024 e que tem entre seus pilares a inovação tecnológica, a transformação digital, sustentabilidade ambiental, com o uso de energias renováveis, e a elevação da renda dos trabalhadores, com oferta de mais e melhores empregos.
“Para nós, a questão da qualificação é central. Vamos trazer para o debate as demandas dos setores da indústria, (...) com empregos que realmente estejam alinhados a essa nova indústria, essa nova dinâmica”, afirma Benedito, em entrevista ao site do Conselho.
Leia abaixo:
Quais são os principais desafios do mundo do trabalho? E o que vem sendo feito para enfrentar esses desafios?
Benedito – Com o Brasil vivendo hoje uma situação de pleno emprego, graças às políticas do governo Lula, a gente passa a ter mais necessidade de mão de obra qualificada. Então, a questão da formação e da qualificação, que sempre foi importante, hoje ganha uma dimensão maior, ainda mais diante das mudanças pelas quais o mundo vem passando. A elevação da escolaridade, por meio de cursos regulares ou pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), é fundamental para inserir sobretudo os jovens no mercado de trabalho. O SESI já tem um trabalho forte nesse sentido e acabamos de assinar um Acordo de Cooperação, entre o Conselho e o MTE, que vai criar 25 mil vagas gratuitas para jovens de 18 a 29 anos em cursos de EJA profissionalizante em todo o país, em parceria também com o SENAI. E nosso objetivo é buscar soluções para ampliar a oferta de vagas.
Para além disso, há um debate envolvendo as novas formas de trabalho e os sistemas de proteção social, questões previdenciárias etc. Como a gente consegue dar garantias para essa população, principalmente o pessoal que trabalha com aplicativos? Como oferecer apoio a esse trabalhador que enfrenta jornadas desgastantes de muitas horas e sem nenhum direito? O governo tem debatido essas questões, tentado chegar a algumas políticas que regulam e protegem os direitos dos trabalhadores.Isso tudo permeia um conceito mais amplo de trabalho decente, um direito de todos os trabalhadores no sentido de promovermos um ambiente justo e igualitário, engajando empresas, sindicatos, trabalhadores e a sociedade civil.
Como o SESI e o Sistema Indústria podem ajudar nessas tarefas?
Benedito – Acho que a parceria entre governo e sistema S é fundamental, principalmente nessa questão da qualificação e da elevação da escolaridade.
Nesse acordo que a gente firmou agora, tanto com o SESI como com o SENAI, a nossa expectativa é que a gente consiga alinhar um pouco a demanda do setor produtivo, dando qualificação e empregabilidade a pessoas que estão afastadas do mercado de trabalho, e não por opção. Mas não é só oferecer o curso e deixar que as coisas se revolvam. A gente tem que pensar em como dar condições para que a pessoa se mantenha no curso, evitar a evasão, e, principalmente, no final, tenha garantia de um emprego, de uma intermediação já encaminhada.
Você diria que essa pode ser a sua principal atuação no âmbito do Conselho?
Benedito – Sem dúvida. Espero fazer essa articulação entre os demais conselheiros, os regionais, para ampliar esses programas. A ideia é que a gente consiga, dentro do SESI, unir essas pontas.
Como isso se relaciona à Nova Indústria Brasil (NIB), a política industrial do governo?
Benedito – Para nós, a questão da qualificação é central. Vamos trazer para o debate as demandas dos setores da indústria, definir necessidades e oportunidades e partir para a qualificação e a intermediação das vagas, com empregos que realmente estejam alinhados a essa nova indústria, essa nova dinâmica, inclusive àqueles ligados ao setor de serviços.