Nesta sexta-feira, 29, a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, recebeu o terceiro e último ciclo de debates da série “Um Projeto de Brasil”, promovido pela revista CartaCapital.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, abriu o evento destacando a importância dos recursos naturais e o potencial econômico do Brasil, mas alertou para as profundas desigualdades sociais que ainda representam um obstáculo ao desenvolvimento do país.
“Não é difícil nos apaixonarmos por um país tão rico, mas, ao mesmo tempo, é impossível não nos indignarmos ao ver que essa riqueza não se traduz em prosperidade para todos os brasileiros”, afirmou.
Ele também ressaltou o papel do SESI e do SENAI em promover educação e qualificação profissional em larga escala, citando os avanços e parcerias em educação pública e formação técnica em São Paulo.
“Hoje estamos ajudando mais de 2 milhões de alunos nas escolas públicas do estado de São Paulo. Mais de 440 municípios do estado contam com o apoio integral do SESI de forma totalmente gratuita, especialmente no treinamento dos professores”, acrescentou.
O evento reuniu especialistas de diversas áreas para discutir os rumos do desenvolvimento nacional, com foco no fortalecimento da indústria e na construção de um projeto de desenvolvimento.
A mesa de abertura, intitulada “Reforma, ambiente de negócios e atração de investimentos”, teve a participação de Diógenes Breda, economista chefe da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE); Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp; e José Ricardo Sasseron, vice-presidente de Negócios, Governo e Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil. Sérgio Lírio, redator-chefe da edição impressa de CartaCapital, mediou o debate.
Outra mesa foi mediada pela editora-executiva do site de CartaCapital, Thais Reis Oliveira, e reuniu Francisco Macena da Silva, secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); o deputado federal Lucas Ramos (PSB-PE), presidente da Comissão de Trabalho na Câmara dos Deputados; Miguel Torres, presidente da Força Sindical; e Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Durante sua apresentação, Igor Rocha destacou a necessidade de investimentos em educação e acesso ao capital como ferramentas essenciais para reverter a queda de produtividade na indústria brasileira.
Segundo ele, operar fora da fronteira tecnológica limita a competitividade do setor. Rocha enfatizou ainda que o país precisa se posicionar estrategicamente para tirar proveito de disputas comerciais globais, como as que envolvem Estados Unidos e China, a fim de garantir vantagens competitivas.
Projeto de nação
O secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Francisco Macena da Silva, destacou a relevância do momento atual para os debates sobre o mundo do trabalho.
“Estamos atravessando um momento conjuntural importante no mundo e aqui no Brasil. É um momento em que estamos retomando a industrialização, o desenvolvimento econômico e procurando integrar o Brasil nas transformações tecnológicas que o mundo e o mercado de trabalho estão enfrentando. Estamos debatendo a transição energética, a economia verde e, dentro desse contexto, como o trabalho se posiciona. É um período de muitos debates, desafios e oportunidades”, afirmou.
Neste sentido, a qualificação profissional deve ser entendida como um dos pilares fundamentais para a construção de um projeto de desenvolvimento nacional, avaliou Sérgio Mendonça, superintendente do Conselho Nacional do SESI, que acompanhou toda a discussão na capital paulista.
“É importante discutir um projeto de desenvolvimento. Isso depende, evidentemente, de um diálogo interno entre as forças políticas, os trabalhadores, os empresários e os partidos", destacou.
Ele apontou que o mercado de trabalho é um dos eixos centrais dessa discussão. “Como é que vivemos hoje? Quantos milhões de trabalhadores assalariados temos? Qual é o índice de desemprego? E, no nosso caso, que diz respeito ao SESI, o ponto principal, que também está intrinsecamente ligado ao projeto de nação, é a formação e a qualificação dos trabalhadores, onde o SESI desempenha um papel central”, explicou.
Segundo Mendonça, é necessário ampliar essa perspectiva para uma dimensão nacional e estratégica. “Esse debate precisa ser prioritário. Não se trata apenas de uma boa formação em escolas públicas ou da educação de jovens e adultos, mas também da preparação de trabalhadores para essa nova etapa do desenvolvimento, marcada por uma evolução tecnológica muito significativa.”
Ele também destacou os desafios contemporâneos que impactam diretamente o mercado de trabalho, como a inteligência artificial, a transição energética e as novas formas de trabalho associadas às tecnologias digitais e redes sociais. “Portanto, a questão da qualificação dos trabalhadores e a ligação com o SESI e o Senai estão profundamente conectadas à discussão proposta pela CartaCapital”, concluiu.
Para Roberta Oliveira, gerente de Projetos do Conselho Nacional do SESI, eventos como o promovido pela CartaCapital são fundamentais para fomentar o diálogo entre diferentes setores, tanto público quanto privado.
Segundo ela, o Brasil é um país complexo, mas repleto de potencial, e a reconstrução e as mudanças necessárias só são possíveis com esforços conjuntos. “Ninguém consegue transformar nada sozinho. Quando diversos atores se encontram em discussões como esta, temos a oportunidade de ouvir diferentes perspectivas e construir ideias melhores. Estou convencida de que, juntos, conseguiremos resultados mais significativos”, afirmou.
O Conselho Nacional do SESI participou como um dos patrocinadores do evento, ao lado de outros apoiadores, incluindo o governo federal.
A série de debates “Um Projeto de Brasil” contou com a participação de diversas autoridades e especialistas, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve presente na abertura de um dos ciclos no dia 14 de agosto de 2024. Além disso, o evento teve o apoio de entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que sediou duas rodadas de debates em Brasília.