A sexta edição da Mostra SESI Com Ciênci@ 2024, realizada na nova Escola SESI em Canoas, no Rio Grande do Sul, celebra uma década do ensino médio da entidade e discute os desafios contemporâneos da educação.
Com o tema "Escola SESI 10 anos: uma questão de princípios", o evento ocorre de 5 a 8 de novembro e reúne especialistas, educadores e estudantes em torno de temas centrais para o futuro da educação.
A abertura oficial nesta terça-feira (5) foi realizada pelo presidente do Conselho Nacional do SESI, o professor e doutor em Educação, Fausto Augusto Junior.
Para um público de professores e gestores de escolas, Fausto abordou os principais desafios que a educação enfrenta no século XXI, especialmente em um cenário de transformações rápidas no mercado de trabalho.
"Não se trata apenas de ensinar diferentes conteúdos, mas de preparar nossos jovens para um mercado em constante mudança, que demanda inovação, resiliência e uma consciência social mais ampla”, afirmou. Segundo ele, o SESI mantém o compromisso de alinhar o ensino às necessidades contemporâneas, promovendo uma formação que ultrapassa a sala de aula e impacta diretamente a comunidade.
A 6ª Mostra SESI Com Ciênci@ enfatiza os princípios que norteiam as instituições de ensino do SESI-RS.
“A atividade traduz com fidedignidade os trabalhos desenvolvidos nas escolas e nas unidades de educação do SESI, pois os projetos viabilizam o diálogo, a pesquisa, a inovação e a construção de novas formas de resolver problemas”, ressalta a gerente de Educação do Sesi-RS, Sônia Bier.
De acordo com a gerente, esses valores são concretizados nos 152 projetos e soluções apresentadas por alunos do Ensino Médio, do EJA e do Contraturno, além de quatro trabalhos de redes públicas em parceria com o Instituto SESI de Formação de Professores.
Os projetos, aponta Sônia, buscam responder a desafios reais e propor soluções para o cotidiano das comunidades, instituições e grupos sociais.
Transformações contínuas
Durante o evento, o professor destacou o crescimento de empregos ligados à inteligência artificial e à big data no Brasil até 2027, ressaltando a importância de uma qualificação contínua. Além disso, os participantes discutiram temas como a transição demográfica e os impactos das mudanças climáticas, que afetam diretamente as relações de trabalho e exigem uma nova abordagem educacional.
Fausto falou sobre os desafios que o século XXI impõe à educação. Segundo ele, a educação precisará lidar com transformações contínuas em um cenário onde os valores tradicionais perdem força, a diversidade se torna uma característica central, e a tecnologia expande sua influência sobre a vida humana.
“Essas mudanças demandam que a escola vá além do ensino tradicional, ampliando suas funções sociais para produzir conhecimento, educar em valores e forjar resiliência”, disse.
Ele também enfatizou que a tecnologia traz alterações para o formato das aulas, assim como transforma o próprio trabalho do educador. A diversidade e a educação ao longo da vida, de acordo com o professor, tornam-se demandas centrais, essenciais para enfrentar as desigualdades estruturais e tecnológicas. Nesse contexto, Fausto defende a reformulação da escola.
Educação, trabalho e desafios climáticos
Ao falar sobre a urgência de adaptação na atual conjuntura, Fausto lembrou que cerca de 1,2 bilhão de empregos no mundo dependem de um ambiente saudável e estável, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além disso, a ONU aponta que 1,4 bilhão de empregos - ou 42% do total da força de trabalho mundial - são dependentes dos recursos hídricos, o que reforça a importância de uma gestão sustentável da água.
A tragédia climática de maio, que trouxe enchentes devastadoras ao Rio Grande do Sul, ilustra a vulnerabilidade dos trabalhadores e da economia local a eventos extremos, sublinhando a necessidade de uma resposta coordenada para enfrentar os desafios climáticos.
“Muitas vezes, o sofrimento está em problemas que já são estruturais. Por isso, além da fase de assistência à população afetada logo após o desastre, é imprescindível que se promova a reconstrução para a resiliência a novos eventos de catástrofe. Porém, é preciso que a assistência se conecte com a reconstrução para que se tenha uma transição suave entre as fases para que o resultado seja mais efetivo e duradouro”, afirma Juliano André Colombo, superintendente do SESI-RS. Colombo falará sobre a tragédia no RS e as ações de apoio local da instituição durante a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que ocorrerá de 11 a 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.
Colombo: "Assistência conectada à reconstrução para transição suave entre as fases e resultado mais efetivo e duradouro" | Foto: Dudu Leal/FIERGS
Neste sentido, a secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, destacou que a educação tem o papel essencial de “projetar o futuro”.
“É das nossas escolas que saem os jovens que terão de desenvolver as novas habilidades, precisamos de cabeças pensantes para resolver os desafios, em especial diante dos desafios climáticos, como o que vivemos. A escola é o espaço onde se formam as lideranças e os novos hábitos”, completou Raquel.
Para Fausto, as escolas do SESI têm implementado práticas pioneiras.
"Nossas escolas trabalham com uma visão de educação que transforma e acompanha as mudanças do século XXI. Assim, formamos pessoas preparadas para enfrentar questões complexas, como sustentabilidade e inclusão,” afirmou.
Com uma rede de 454 escolas, 11,4 mil professores e mais de 334 mil alunos atendidos em todo o Brasil, o presidente destacou que o SESI reforça sua missão de ser uma referência em educação comprometida com o desenvolvimento social.
"A Mostra realizada pelo Sesi do Rio Grande do Sul representa mais um passo nessa trajetória, trazendo importantes reflexões e reafirmando os valores que sustentam o trabalho do SESI e sua visão para o futuro da educação e para temas fundamentais ao desenvolvimento do Brasil”, concluiu.
Nova escola
Também nesta terça-feira (5), em Canoas, a Escola SESI de Ensino Médio Paulo D’Arrigo Vellinho foi inaugurada, poucas horas antes de sediar a 6ª Mostra SESI Com Ciênci@.
A nova unidade marca a expansão do SESI-RS na educação e consolida uma década de iniciativas da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) voltadas à formação técnica e profissional.
O presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, destacou a formação de jovens como um dos principais objetivos da atual diretoria. "Nos últimos 20 anos, perdemos mais de 700 mil pessoas para outros estados e países, um quadro que precisamos reverter. Temos de oferecer, aqui, uma educação que incentive o retorno dos gaúchos e atraia estudantes de outros estados por meio do SESI/SENAI e da educação no Rio Grande do Sul", avaliou.
Com cerca de 5.700 m² de infraestrutura moderna, a nova unidade atenderá 360 alunos no Ensino Médio em tempo integral. Além disso, o complexo educacional possui capacidade para 300 vagas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e mais 200 vagas para o Contraturno Tecnológico.
Escola de Referência Paulo D'arrigo Vellinho, em Canoas-RS | Foto: Andressa Andrades Berger/SESI-RS
É a sexta escola de ensino médio do SESI inaugurada no estado, parte do Programa "A Indústria pela Educação", lançado em 2022.
A unidade em Canoas reforça o compromisso do SESI com a inovação educacional e o desenvolvimento regional. Ainda este mês, o SESI-RS dará continuidade ao programa com a abertura de uma escola em Lajeado (RS).
A escola inaugurada em Canoas presta homenagem a Paulo D’Arrigo Vellinho, renomado empresário gaúcho e fundador da Springer, primeira indústria brasileira de ar-condicionado. Vellinho, nascido em 1929, foi um pioneiro no setor de HVAC — aquecimento, ventilação e ar-condicionado — e liderou avanços essenciais para a indústria de controle de temperatura e qualidade do ar no Brasil.
Da esquerda para a direita: Raquel Teixeira, secretária estadual de Educação; Ana Paula Werlang, gerente executiva de Relações Institucionais (Fiergs); Lourdes Fellini, esposa de Paulo D'Arrigo Vellinho, que dá nome à escola; Cláudio Bier, presidente da Fiergs; e Professor Fausto Augusto Junior, presidente do CN-SESI.
Ao longo de sua carreira, teve atuação destacada em entidades como a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Em 2014, Vellinho publicou o livro “O Realizador de um Sonho”, relatando sua trajetória. Faleceu em 2022, deixando um legado significativo de inovação e liderança para o setor industrial nacional.
Observatório Educacional
Durante sua passagem pelo Rio Grande do Sul, Fausto esteve em diálogo com o Observatório SESI da Educação. O encontro contou com a presença do superintendente do SESI-RS, Juliano Colombo, da gerente de Educação do SESI-RS, Sônia Bier, e da coordenadora do Observatório Educacional, Ecléa Conforto.
O objetivo foi discutir práticas pedagógicas com uso de tecnologias e pensar sobre o envolvimento dos professores na escola. Fausto compartilhou reflexões sobre o papel do SESI na educação e as iniciativas em desenvolvimento pelo país.
O Observatório SESI da Educação é um centro de pesquisa e análise dedicado à identificação de tendências, desafios e oportunidades no setor educacional, com o objetivo de apoiar políticas públicas mais eficazes.
“Entender profundamente os contextos e analisar dados com precisão são passos essenciais para desenvolver políticas públicas que fomentem uma educação inclusiva e transformadora, promovendo o desenvolvimento econômico e social local”, concluiu Ecléa Conforto.