Reunindo gestores, líderes e especialistas da área na sede da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) foi realizado em Brasília, dias 8 e 9 de outubro, o Encontro Nacional de Compliance do Sistema Indústria. Promovido pela CNI, o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e os Conselhos Nacionais do SESI e do SENAI, o evento teve como foco o fortalecimento das práticas de compliance e a disseminação de uma cultura de integridade e transparência em todo o Sistema Indústria.
O evento, que já está em sua terceira edição, ganhou uma abrangência maior este ano, incluindo não apenas os Compliance Officers dos Departamentos Regionais, mas também diretores e profissionais de importantes instituições públicas e privadas. O objetivo central do encontro foi promover integração e compartilhamento de experiências sobre as práticas de compliance, bem como a excelência nas rotinas de integridade, ajudando a consolidar um setor mais ético e comprometido com a transparência.
Durante os dois dias, foram abordados temas basilares, desde a importância de se cultivar uma cultura de integridade organizacional até a necessidade de incorporação das melhores práticas de compliance utilizadas no mercado. As discussões giraram em torno de como as organizações podem equilibrar a conformidade com os seus objetivos de sustentabilidade, buscando sempre inovar e aprimorar suas práticas.
Participaram da abertura no dia 8, o presidente do CN-SESI, professor Fausto Augusto Junior, o Secretário de Integridade Privada da Controladoria Geral da União (CGU), Marcelo Pontes Vianna, o diretor Corporativo da CNI, Cid Carvalho Vianna, e a superintendente de Compliance e Integridade da CNI, Danusa Costa Lima e Silva de Amorim.
Um dos destaques da abertura foi o pronunciamento em vídeo do presidente da CNI, Ricardo Alban, que sublinhou a relevância do compliance para a construção de uma sociedade pautada em valores éticos. Ele frisou que eventos como este são fundamentais para a troca de experiências e aprendizados, promovendo um ambiente corporativo saudável, produtivo e transparente.
Outro ponto importante do evento foi a fala do professor Fausto Augusto Junior, presidente do Conselho Nacional do SESI, que ressaltou o papel vital da integridade e do compliance na melhoria de processos e garantia de transparência nas organizações. O professor destacou o equilíbrio entre a regulamentação e os propósitos essenciais das entidades, que, segundo ele, devem sempre buscar a sustentabilidade baseada em princípios éticos.
Fausto reafirmou que os princípios de integridade, transparência e controle devem estar no cerne das atividades das entidades e instituições do Sistema Indústria. Reforçou que as organizações precisam sempre normatizar e disciplinar suas práticas, mas sem perder de vista sua razão de existir e o equilíbrio necessário para garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.
O presidente do CN-SESI deu ênfase à origem e essência do compliance dentro do Sistema Indústria. Ele ressaltou que o debate sobre integridade não é algo recente, mas sim algo intrínseco à criação das entidades como o SENAI e o SESI, que nasceram da relação entre o público e o privado. De acordo com Fausto, a integridade não existe por si só: ela tem como finalidade melhorar processos, garantir transparência e controle, além de assegurar que as atividades das instituições sejam cumpridas de acordo com suas missões originais.
“Quando a gente olha esse debate da integridade e do compliance, a gente não pode esquecer a razão de ser das nossas organizações: buscar a sua sustentabilidade a partir do princípio da razoabilidade é o que nos permite integrar os princípios da administração pública aos princípios da administração privada, e que de alguma forma dá sentido a tudo o que a gente faz", destacou o professor.
Marcelo Pontes Vianna, Secretário de Integridade Privada da Controladoria-Geral da União (CGU), destacou o impacto econômico positivo dos programas de compliance no setor privado, ressaltando como eles contribuem diretamente para a competitividade e o desenvolvimento econômico do país.

Sinergia pela integridade: instituições comprometidas com o fortalecimento das práticas de compliance | Foto: Roberto Ferreira
Além das organizações que abriram o evento, instituições reconhecidas no cenário nacional, que atuam nos setores produtivo e financeiro, também marcaram presença, colocando representantes-chave para discutir práticas de integridade. Também participaram da discussão a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), representada por Andressa de Oliveira, que trouxe à tona a discussão sobre o compliance no setor educacional.
ApexBrasil foi representada por Daisy Barretta, gerente de Integridade e Compliance, que abordou a relevância da diversidade e inclusão nas práticas de compliance. A Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso do Sul (FIEMS), com Marcelo de Andrade, discutiu o compliance como ferramenta de apoio à gestão.
A Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (FINDES) esteve presente com Viviane Dias, que falou sobre a importância do monitoramento de programas de compliance, e a Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), representada por Arthur Fagundes, que discutiu a jornada do compliance no setor. Representado pelo Gerente da Unidade de Integridade Corporativa, Gabriel Nogueira, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por sua vez, também esteve no evento, mencionado por Cid Carvalho, diretor corporativo da CNI, que destacou os esforços contínuos para aprimorar a conformidade e a integridade em todos os estados, com um foco especial em diversidade, equidade, inclusão e transformação digital.
Entre os painéis apresentados, foram discutidos tópicos abordando as tendências e desafios do compliance. Inácio Alencastro, advogado, falou sobre a importância do Due Diligence na integridade corporativa. Outros temas incluíram o compliance na educação, com Andressa de Oliveira, da FIEAM, e a inovação tecnológica como ferramenta para elevar os padrões de gestão de riscos e conformidade.

Trindade, Souza Sales, Pasini e Laurentino debateram sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) | Foto: Roberto Ferreira
O segundo dia foi marcado por discussões sobre a gestão de riscos em cenários adversos e o monitoramento eficaz de programas de compliance, com representantes de federações das indústrias. Entre os destaques das mesas redondas, Danusa Costa Lima e Silva de Amorim, superintendente de Compliance da CNI, apresentaram casos de sucesso e reforçou a importância estratégica de um sistema de compliance bem estruturado.
A palestra "Tendências globalizadas de Compliance na iniciativa privada" foi ministrada por Reynaldo Goto, Chief Compliance Officer da BRF e Coordenador da Força Tarefa de Compliance e Integridade no B20 Brasil. Ele discutiu as tendências emergentes de compliance no setor privado global, abordando as melhores práticas e desafios enfrentados por empresas em um cenário cada vez mais regulado e interconectado.
Na sequência, Davi Bontempo, Superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade, conduziu a palestra sobre "Ambiental, Social e Governança Corporativa", destacando a importância desses pilares para o sucesso das empresas no mundo atual. Ele explorou como a responsabilidade ambiental e social, aliada a uma boa governança, são fundamentais para a perenidade e reputação das organizações.
O painel "Ética e responsabilidade social em cenários catastróficos" foi apresentado por Patrícia C. Rosa, da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). Nesse painel, foram debatidas questões éticas e o papel das empresas em situações de crise, abordando a importância de uma atuação responsável e sensível em contextos de adversidade.
Um dos temas relevantes do evento foi a "Gestão de riscos", abordado em duas sessões. Fernanda Figueiroa, Gerente Executiva do Banco do Brasil, apresentou uma palestra pontuando uma visão abrangente sobre como identificar, mitigar e gerir riscos em diferentes setores. Em complemento, André Luiz Gusi Rosa, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), participou do painel sobre o mesmo tema, oferecendo uma perspectiva prática sobre a aplicação de estratégias de gestão de riscos no setor industrial.

Danusa: Compliance e visão estratégica | Foto: Roberto Ferreira
Foram discussões relevantes. A palestra de abertura, intitulada "A visão da alta administração sobre Compliance", foi conduzida por Antônio Martiningo, que atua como Coordenador do Comitê de Auditoria na BB Seguridade e na Petros, além de ser membro do Conselho Fiscal da Natura & Co. Ele compartilhou insights sobre como a alta administração vê e apoia os programas de compliance nas organizações. Martiningo ressaltou ainda as consequências de uma administração que não segue princípios de compliance.
Em seguida, a mesa redonda sobre a Lei 13.709/2018, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) reuniu três especialistas no tema: Livia Sales, representando a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Tania Rubia, da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), e Fabíola Pasini, Gerente de Consultoria da Diretoria Jurídica da CNI. A mediação foi conduzida por Betânia Trindade, Gerente de Conformidade e Integridade, que guiou a discussão sobre os desafios e práticas relacionadas à proteção de dados no setor industrial.
O dia 9 contou ainda com outros dois painéis. No primeiro, Viviane Dias, da FINDES, abordou o "Monitoramento do Programa de Compliance", destacando a importância de acompanhar de perto a efetividade desses programas nas organizações. No segundo painel, Arthur Fagundes, da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), compartilhou sua experiência sobre a "Jornada Compliance", ressaltando o processo de implementação e amadurecimento das práticas de compliance em diferentes contextos empresariais.

Bontempo: "Ambiental, Social e Governança Corporativa" - pilares para o sucesso das empresas no mundo atual | Foto: Roberto Ferreira
Ao longo do evento, a promoção do networking entre os participantes também foi um ponto central, com a possibilidade de oportunidades para o estabelecimento de uma rede sólida de profissionais dedicados ao compliance. A troca de conhecimentos e experiências ajuda consolidar a ideia de que a sinergia entre as organizações é essencial para superar desafios comuns e adotar soluções inovadoras.
O Encontro Nacional de Compliance do Sistema Indústria se consolida como um espaço de debate indispensável para fortalecer a cultura de conformidade, discutir as melhores práticas e incentivar a utilização de mecanismos inovadores que aprimorem a gestão de riscos. O evento é um marco para a promoção de uma gestão industrial cada vez mais ética, transparente e alinhada com os valores fundamentais de integridade e sustentabilidade.